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Brasiguaios

Brasiguaios

Brasiguaios. Assim são conhecidos os paraguaios de Ciudad del Este que têm alguma relação com o Brasil. Quando perguntados de onde são, respondem”Brasil!” sem titubear, embora paraguaios natos. Muitos seguem a Foz do Iguaçu para que seus filhos nasçam brasileiros, na esperança de uma vida melhor para seus herdeiros. Vivem o sonho brasileiro, ou melhor, fogem do pesadelo paraguaio, pois sentem clara vergonha de seu país.

Esta relação foi estendida a todo um país na noite de ontem.

A cada arrancada em diagonal de Neymar, deixando no chão tantos quantos podia para trás, até ser parado num pontapé que o levasse ao chão.

A cada avanço de Coutinho, que se mexia sem parar, serelepe, infernal.

A cada matada de bola de Marcelo, que mesmo sem jogar bem, nos presenteou com um gol antológico.

A cada aparecida de Paulinho e sua onipresença, esbanjando toques de calcanhar, duas assistências malandras para gol, nele que foi o grande destaque brasileiro nesta rodada dupla das Eliminatórias.

Aqui da Argentina assisti à partida, e o nível de reverência da transmissão hermana era sem precedentes. “Mágico” era usado quase a cada trama. No terceiro gol, o narrador ficou sem palavras, porque como tê-las depois do que se viu?

Os brasiguaios suspiraram. Se a relação se ampliou quase inteiramente à toda terra de Solano, Gamarra e Chilavert, mostrou-se fundamentalmente diferente. Contidos ou não, sonharam com a esperança de torcerem pelo escrete canarinho sem pudores e sem limites. Não foram brasiguaios porque a vida mostrou-se dura quando adultos; foram brasiguaios porque voltaram a ser meninos maravilhados com a mágica do futebol.

Porque hoje somos o maior espetáculo da Terra.

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