Lendo agora
Causos cotidianos, parte II

Causos cotidianos, parte II

Ah, mas não sabia o que era amor a danada da Rosinha, quando, do alto de seus 14 anos, adentrou o apartamento declarando estar amando o João, vizinho de baixo, já com 18.

– Safado! Cabrunco! Sem vergonha! Fica se aproveitando de meninas mais novas, é? Ele vai ver uma coisa.

No Nordeste as coisas se resolvem de maneira diferente, e duas semanas depois a família do João mudou-se de Salvador para João Pessoa. Quem não conseguia dormir de tanta tristeza era o João, enquanto Rosinha sacolejava lépida e fagueira nos bailes soteropolitanos.

A vida na cidade grande é realmente muito complicada. Quando o seu filho nasceu, Francisco resolveu largar o emprego médio que tinha numa empresa média e seguiu para morar com a esposa num sítio no interior de Minas Gerais. Adorava o lugar, e via o seu filho crescer jocosamente, mas o que o tirava do sério de verdade era o péssimo sinal de TV e de celular no lugar.

Mudou-se depois de 2 anos e desde então, dorme de janela aberta e TV ligada, aproveitando os sons e a fumaça da capital.

Diz-se que o santo não gostou nem um pouco quando a Amália, devota que só ela, prometeu que, se tivesse sua graça alcançada, pararia de comer refrigerante. Consultou-se com o onisciente e, como era sabido de todos, a Amália não era muito chegada numa Coca-Cola. Raios ouviram-se na mesma noite, uma tempestade baixou-se sobre toda a cidade, causando danos à pequena casa da Amália. Que tinha seguro e hoje mora confortavelmente num apartamento de 3 quartos no centro da cidade.

Muita felicidade invadiu a vida do casal Robertinho e Reginalda quando, quando depois de muito tentarem, deu-se a notícia que eles seriam pais. Logo a alegria deu lugar à preocupação com os gêmeos. A confirmação dos trigêmeos causou reboliço na família, que hoje vive às turras com acusações sobre quem teria realmente tido aquela ideia de jerico.

Ver Comentários (0)

Deixe um comentário

Seu e-mail jamais será publicado.

© Papo de Galo, desde 2009. Gabriel Galo, desde 1982.