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Causos cotidianos

Causos cotidianos

Voltava para casa todos os dias por volta das 18 horas. Cerca de uma hora dentro do ônibus lotado, mais 15 minutos de caminhada. Era religioso. Nos dias em que conseguia sair mais cedo ou quando o trânsito apressava a viagem de ônibus, segurava o passo. Sabe como é, evitar surpresas mantém a saúde de um homem.

Dizia o Armando que a Ritinha estava dando mole para ele. Coitado, era motivo de chacota no departamento. Ritinha era a beldade da firma, enquanto o Armando era, digamos, desprovido de atributos físicos de algum valor.

– A Ritinha? Você está maluco Armando?

– Te juro.

E todos caíam na gargalhada. E mesmo hoje, no terceiro filho, ainda olham desconfiados para as crianças.

Joana sempre estranhou do fanatismo de seu marido por futebol. Não tem dia, campeonato ou divisão, lá está ele, plugado. Releva muita coisa em nome do casamento, especialmente depois do dia em que decidiu acompanhar o esposo num Corinthians e Flamengo, pela TV.

– Ai, as coxas do Roberto Carlos…, comentou ela baixinho.

E não ouviu nada além de um suspiro contido.

Se a história do Evilásio pudesse ser resumida em uma palavra, essa seria paixão. Envolvia-se quase que mensalmente com uma mulher diferente, em busca daquela excitação que somente um novo processo de sedução pode proporcionar. Ninguém acreditava que ele seria capaz de assentar casa com outrem, até que conheceu Elzira e seu extasiante transtorno dissociativo de identidade.

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