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Cortina de fumaça

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Marco Aurélio Mello, STF, segunda instância

A decisão individual do Ministro do STF Marco Aurélio Mello vai ao encontro do que alinhavou Jucá e Machado no impeachment: com Supremo, com tudo.

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Acreditar no bicho-papão é a nova especialidade brasileira. Melhor do que entender a complexidade das estruturas de poder no país, é botar na conta da esquerda, do “comunismo”, do PT malvadão, do Lula comedor de criancinhas.

O brasileiro zap-zap é um lamaçal de estupidez.

Parecem todos estar esquecendo do famoso áudio de Romero Jucá com Sergio Machado, arquitetando o impeachment com medo do avanço das investigações contra políticos. Rememoro aos mais fracos de ouvidos e de memória:

“Com Supremo, com tudo.”

Ora quem seria este Supremo senão Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello, os soltadores de bandidos e corruptos em geral?

E adivinha quem apontou cada um deles ao STF? Foram os caciques do PT e seus plabos diabólicos de dominação e doutrinação?

Não. Sai do zap e ouve.

Marco Aurelio Mello, este do episódio de hoje, que deu vida ao “com Supremo, com tudo” de Jucá, tentando dar a punhalada final nas operações da PF que sempre quiseram derrubar, foi levado pela mão ao STF pelo primo querido, Fernandinho. Ele mesmo: Collor de Mello. Ou você achava que o sobrenome era coincidência?

Mello faz companhia a Gilmar Mendes, que deve ter pedido ajuda ao amigo porque não aguentava mais o fardo de ter que soltar corrupto sozinho. Mendes que vestiu a toga preta do STF pela caneta de FHC.

Mas, ei!, tudo era culpa da doutrinação esquerdalha, sim…

Daí vai cair no colo de Dias Toffoli a homologação ou reversão da decisão. Toffoli deve negar e manter as coisas como estão. Sabe por quê? Porque o plenário do STF decidiu sobre a validade da segunda instância. No começo de 2019 haverá novo debate para rever ou manter este item. Até lá, portanto, deve prevalecer a decisão colegiada sobre qualquer levante individual. Por mais que não se concorde, existe hierarquia. E Toffoli tende a agir pela manutenção da ordem.

E quem é Toffoli mesmo?

Aquele Ministro indicado pelos governos petistas, cujo currículo foi atacado ferozmente, etc e tal.

Então quer dizer que o Ministro do PT vai votar CONTRA a libertação de Lula, o mestre das marionetes?

Sinto o cheiro de queimado da sobrecarga de pensamento na cabeça dos Bolsominions.

No fim, a canetada de Mello ajuda o presidente eleito, desviando o foco do Queiroz, que não foi ao MP conforme determinação legal. Ficou dodói, tadinho.

A balbúrdia de hoje foi o capítulo final de um governo Temer que beira rir da nossa cara. Porque enquanto os corruptos se acertam para viver longas e prósperas vidas, “com Supremo, com tudo”, tem a horda ignara que finge que tudo de ruim se veste de vermelho.

Mal sabe a horda que corrupção não tem cor preferida. Quer apenas o verde do dinheiro que jorra fácil.

Às escondidas, num exercício de imaginação, vejo que Temer deverá se encontrar com Mello, distribuindo tapinhas nas costas agradecido. Dirá Mello, “não deu…”, e o presidente “tudo bem, valeu a tentativa.”, “mas o aumento vem, né?”, “fique tranquilo, Lewandowski assinou. Aliás, quer um uísque? Peguei num lote especial apreendido no Porto de Santos. Me ligaram na hora, falei ‘é meu, ninguém mexe’!”, e ele sorri vampirescamente.

O que se sabe é que manhã alguém vai criar mais um embaralhador de assunto pra tirar o foco do que importa, abusando das falácias argumentativas para multiplicar bichos-papões no povo que, a esta hora, já está no zap e nas redes indignado, mas apontando dedo por lugar errado.

Crédito da Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

Marco Aurélio Mello, Papo de Galo, Gabriel Galo,
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