Pensar o futuro é um exercício importante, se vier acompanhado de planejamento e mapeamento de oportunidades e ameaças. Se você é um agente do mundo do futebol, a boa e velha análise SWOT é ferramenta que direciona bem os caminhos; se a intenção é observar tendências, a complexidade aumenta consideravelmente.
Ainda assim, há apontamentos de para onde o futebol vai caminhar nos próximos anos.
O streaming, por exemplo, vai mudar em definitivo a maneira como vivemos e consumimos o futebol.
Em paralelo, tendemos a ver os clubes como proprietários do conteúdo gerado sobre eles, facilitando o acesso a locais além de sua influência, pois controlam o alcance, o objetivo, a mensagem e o meio.
Ao expandir as fronteiras, algo muito mais viável por conta da internet, e procurando abraçar culturas tão díspares, a mensagem tende a exaltar aspectos reconhecíveis do clube para construir afinidades.
Nesta amplitude, o novo torcedor é consumidor, provido mais de desejo, deixando a emoção e a paixão num patamar inferior. E o efeito dominó se faz: quanto maior o alcance, maiores as receitas e maiores as distâncias entre grandes e pequenos. Clubes serão verdadeiras corporações empresariais, sendo o futebol um produto que comercializam mundo afora.
Só que, ao mesmo tempo, algumas ligas que se baseiam em negócios, como a americana, importam o jeito de torcer dos sulamericanos, buscando levar a paixão do jogo para dentro dos estádios e na relação das pessoas com o futebol.
No meu entendimento, o maior desafio do futuro é entender em que ponto o negócio e a paixão passam a entrar em conflito, porque o aspecto dinheiro pode subjugar a emoção. Mas o fato é que não existe futebol sem paixão para dar-lhe cores e vida.
É neste equilíbrio que residirá a alma do futebol tal qual conhecemos. Do povo em celebração com seu time, do pequeno desafiando os grandes com condições similares…
Isto envolve tantos aspectos que precisarão ser revistos, se é que um dia vão, que só resta reduzir a luta de poderes do ponto de vista de resistência.
Entre Real Madrid e Jacuipense, eu vou sempre me vestir de grená. Pensemos o futuro, mas com responsabilidade pela história do maior esporte do mundo. O negócio e a paixão devem caminhar juntos.
Eu sou o Gabriel Galo e esse foi o “90 segundos” especial para o programa de 1 ano do Futebol S/A. Que venham muitos anos mais, galera! Um prazer fazer parte dessa história com vocês. Um forte abraço e até a semana que vem.
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