Encerrado o Brasileirão 2019, proponho um exercício matemático que se baseia em 3 variáveis.
Uma delas é o orçamento, indicador mais poderoso da potencial posição de uma equipe na tabela. observe a classificação. Na parte de cima, os barões garantiram passagem para a Libertadores. Na parte de baixo, justamente os mais desprovidos tomaram o rumo de volta para a Série B.
Mas como futebol não é tão preto no branco quanto este começo tende a sugerir, há exceções. O Cruzeiro, com uma das folhas salariais mais inchadas da competição, protagonizou um show de horrores e carimbou seu passaporte à segundona pela primeira vez em sua história. Já o Athletico-PR, atual campeão da Copa do Brasil, pede para ser visto como grande e ser incluído no grupo dos maiorais.
Por isso tanto esforço é empregado em buscar alternativas de faturamento recorrente, como, por exemplo, os programas de sócios-torcedores, diminuindo a dependência do pacote TV + venda de jogadores.
Para complementar a questão orçamento, é necessário avaliar a segunda variável da equação: QUALIDADE DE GESTÃO.
Os times mais ricos podem errar, porque, afinal, podem repor o impacto deste erro, como é o caso, por exemplo, de uma contratação equivocada. Já aos pobres não se permite pisar fora da linha, caso contrário, não há espaço para manobra.
Só que, mesmo assim, tudo pode depender de um fator preponderante numa equação de equilíbrio tênue como é a do futebol. É a terceira variável: o fator GENTE. Ou podemos também chamar de SORTE, como você preferir.
No Botafogo, quando Alex Santana se machucou, o rebaixamento era iminente.
No São Paulo, Daniel Alves não entregou o salto de qualidade que dele se esperava.
Já no Bahia, Gilberto deu algumas declarações estranhas de amor a outro e o clima azedou.
Tem também o outro lado, claro.
Ney Franco e Rogério Ceni retornaram a Goiás e Fortaleza e terminaram entre os 10 primeiros. Michael, atacante do Goiás, foi o gás inesperado que deu vida e empolgação à equipe. E o que dizer de Jorge Jesus, que chegou de fora e transformou a maneira de atuar do Flamengo no meio do campeonato?
Gente pode mudar à sua mercê as regras dos manuais de boas práticas de preparação e planejamento.
Por fim, ao balancear estes 3 itens, orçamento, qualidade de gestão e sorte, temos que: os grandes precisam de gestões muito falhas e muita falta de sorte para caírem; os médios dependem de boas gestões e a sorte vai definir para onde se vai; já para os pequenos, ou a gestão é primorosa, aliada a uma sorte providencial, ou a derrocada é garantida.
Num esporte tão mágico quanto o futebol, é triste reduzir a definição de possibilidades a orçamento. Mas é a realidade do negócio. Nós que lutemos por mais igualdade e por mais qualidade de gestão, deixando a sorte operar suas brincadeiras como bem entender.
Eu sou o Gabriel Galo e esse foi o Papo de Galo especial para o Futebol S/A. Me acompanhe também no papodegalo.com.br e nas minhas redes sociais. Um forte abraço e até a semana que vem!
Crônica foi ao ar no dia 14 de dezembro de 2019 na minha coluna “90 segundos” no programa Futebol S/A, na Rádio Sociedade da Bahia, que vai ao ar todo sábado, às 09h.
Acompanhe todos os áudios e textos do quadro “90 segundos” do Futebol S/A clicando aqui.
Ouça o programa completo no Spotify e Google Podcasts.