São Paulo, 23 de janeiro de 2017
Hoje foi dia de me despedir da cria, que retorna com a avó – minha mãe, o que mostra como funciona o divórcio por estas bandas; na divisão de bens, minha ex-mulher ficou até com minha mãe – para a Argentina, para desespero chorado do pai, que vai ter que esperar ainda alguns meses para poder apertar os dois. Para apaziguar os ânimos, retorno já amanhã para Guarulhos para embarcar rumo à origem. Serão 10 dias de Bahia, de 24 de janeiro a 3 de fevereiro, para desespero aliviado de Carolina, que vai poder tirar férias de mim, e também desespero de Angélica, que, tadinha, vai ter que me aturar por este tempo.
Vai ter ida à Chapada Diamantina, entregar meu pai às corredeiras e às cachoeiras, sua morada final, já direto do aeroporto BA adentro. Me aguarde, Mucugê!
Vai ter encontro com Vanessa Costa e Davidson Fernandes, com direito a muito Mutá e Barlavento.
Vai ter Ilha de Maré, em busca de algo que lhe faça jus. E quem disser que a música imortalizada na voz de Alcione é sobre Ilha de Maré, mando-lhe de volta uma praga dos 600, porque esta música, comadre, é sobre a Lavagem do Bonfim.
Vai ter oferenda pra Iemanjá, com reggae na sequência, na festança da qual nunca participei. Que baiano de quinta categoria que sou.
Vai ter aquele axé de Josias, que se disponibilizou para ter seus conhecimentos cinematográficos compartilhados.
Vai ter Olenka e Marcus, cheios de truques, jornalistas de primeira que são.
Vai ter acarajé em Cira, se em Itapuã ou no Rio Vermelho, realmente importa? Com bolinho de estudante, por favor.
Vai ter lambreta, queijo coalho, moqueca, carne-de-sol, pirão de leite, sarapatel, e o que mais?
Vai ter praia do Porto da Barra, Praia do Forte ou Imbassaí, ao gosto do freguês.
Vai ter visita à família, para encher de dengo meus Voinhos.
Vai ter sorvete na Ribeira, quem sabe dessa vez com passeio de escuna pela baía?
Vai ter conferência no estado do negão. O sacana que veio colocar a cereja no bolo do ano de 2016, mas que 2017 corre para reverter.
Vai ter pôr-do-sol em tudo quanto é canto. No Humaitá e na Barra. No Solar do Unhão com direito a JAM no MAM, mas sem Café Terrasse, que agora conta com jazz de sexta e choro no sábado. Haja pôr-do-sol!
Ia ter Vitória destruindo no basquete, valendo visita a Cajazeiras, mas não vai dar, pois ainda vou estar escorregando pelas corredeiras da Chapada.
Vai ter Barradão no dia de Iemanjá, torcendo para que eu consiga ainda responder por mim depois do Rio Vermelho, com direito a umas canjebrinas com Cepacol com Franciel.
Vai ter até lamento por não ter Caetano Apresenta Teresa na Concha nos meus dias por lá.
E vai ter fotos, muitas, apesar de meu comum não-querer. Essa coisa de ficar batendo foto faz a gente perder um tempo danado.
Pensando bem, vai ter dia faltando para o tanto que se quer.
Para cada jornada, uma crônica do que se passou. Um diário de viagem, de bambuzal-pra-Paralela a bambuzal-pro-2-de-Julho.
Venha cá!
Vai ser massa!
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