As notícias que chegam da província lambuzada de dendê assustam e maltratam o meu juízo. Informações ilibadas e confiáveis asseguram que em diversos pontos da velha cidade da Bahia altercações tomaram conta da até então pacata manhã de segunda-feira.
– Foi horrível, moço. Eu queria só um exemplar! — Assim chorava uma senhora que apenas atendia pelo nome de Lidislaine.
No raiar do dia, seu Antônio, dono de uma banca de jornais na Centenário, revelava assustado os acontecimentos incomuns de logo cedo.
– Rapaz… Ói… Eu estava recebendo o lote do Correio. Quando eu me dei conta, uma multidão veio para cima de mim, se estapeando. Era cotovelada, murro na cara, gente puxando cabelo. Uma loucura. Só deu tempo de me abaixar e deixar que levassem o que queriam. Mas só levaram o Correio mesmo.
Vãs de entrega do jornal baiano apontam diversos saques nas suas rotas de entregas.
– Pessoal parava a gente no meio da rua, gritava, e saía correndo levando um FARDO de jornal nas costas.
O tímido entregador não quis dar seu nome para evitar represálias.
Assim foi em tudo quanto é canto. Dentro em pouco, as folhas eram deixadas de lado, todas menos uma. A que continha a página 2. Nela, segundo consta, as palavras da salvação.
Recebam e distribuam.
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Chamada para meu artigo Homens e Meninos publicado no Correio em 15 de maio de 2017.
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