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Rumores e conviquição

Rumores e conviquição

(deixa o “qui” quieto, corretor e vá procurar suas senhorias.)

Há rumores circulando de com força debaixo das passarelas, nos pontos de ônibus, em tudo quanto é canto de Soterópolis. Camarada que voltava do RÉGUI diz que viu, embora tenha admitido estar meio embaçado de tantas piriguetes na cabeça — as que são gente e as que são lata. “Isopor da tia tava 3 por 8, pai! Se acabei!”, falou comemorando que não havia monopólio de RÁINEKER a 15 reáu a lata de gelo meia bomba. O juízo maltratado do camarada se espalhou feito rastilho de Campo da Pólvora. Povo se comenta ressabiado “Será o impossívi?” “Mas não é que é?” “Oxe, eu só acredito é vendo.”

E o que viu o reguêro? Com as palavras, ele, o próprio:

“Rapaz, ver, assim, ver mesmo, com os olhos, eu não vi. Mas ouvi dizer.”

Sinta.

“E ouvir é ver c’os ôvido.”

Filosofia.

“Pra bem da verdade, ‘tava um barulho danado, também nem ouvi direito.”

Pronto.

“Tinha dois cabra cochichando, como se contando segredo. Um deles usava uns óculos de sol, acho que para não ser reconhecido. Abestalhado, reconheci na hora.”

Quem Procurador, acha.

“Era um cara do Correio da Bahia que entregava um envelope pro tal do Gabriel Galo. Em troca, combinavam artigo premiado embelezando a página 2 na segunda-feira, dia 18 de setembro, do jornal.”

Desta feita, intervenho. “Oxente, camarada. Gabriel Galo sou eu. E eu não recebi foi coisa niûa. Tem certeza disso aí?”

“Ah, é você, é? Rapaiz… É que num tem foto sua no jornal… Então, certeza, certeza, daquela certeza mesmo, eu num tenho. Mas que vai sair, olhe, se prepare. O que não me falta é CONVIQUIÇÃO.”

Excelentíssimo.

Cumpra-se.

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