Podemos, finalmente, afirmar que o novo ano se fez. Para os apaixonados pelo ludopédio, não duvide, o ano começa quando a bola rola. Acompanhar enlatados campeonatos internacionais é cuidado paliativo. O que importa é quando o seu clube entra em campo, com manto no peito, de pernas pesadas pela curtíssima pré-temporada e elenco ainda em ajuste.
Nesta pegada, Bahia e Vitória avançam para 2018 buscando objetivos distintos. Ambos viveram experiências eleitorais de novas presidências no apagar do ano anterior. O desafio de Ricardo David parece mais árduo que o de Guilherme Bellintani, até pelos resultados herdados. Enquanto o segundo está preocupado em manter o foco, o primeiro lutará para alterar o rumo de negociações estranhas e base dilapidada implantadas pela diretoria defenestrada.
Nos bancos de reservas, rostos conhecidos comandando as pranchetas. No Bahia, Guto Ferreira retorna com torcida desconfiada, depois de sua conturbada saída para o Internacional. Crê-se que ainda há lenha para queimar, mas alguns poucos resultados adversos podem fritar rapidamente o questionado treinador. Do lado rubro-negro, Vagner Mancini retorna para tentar formar uma equipe à sua forma desde o dia zero. Tem respaldo e tranquilidade para trabalhar.
Continuação também deu a tônica na construção dos elencos. Contrário às políticas de assinaturas em massa de contratos, foram poucos os nomes que chegaram, pondo fim também aos salários nababescos. No caso rubro-negro, há esperança renovada por conta da base que vem forte. Na Copinha, sacramentou-se o que corria à boca pequena: tem ouro nas canteras da Toca do Leão.
O que se deve comemorar, em especial, é a mudança de mentalidade daqueles com o poder da caneta. Nas negociações de vendas de jogadores, tanto Bahia quanto Vitória podem se orgulhar de terem feito bons negócios. Mais importante, no entanto, foi a postura em negociações que não deram certo. Pela primeira vez em muito tempo não vemos nossos melhores nomes sendo levados por migalhas e à força. De cada lado da mesa, a regra é estar em pé de igualdade.
Ao mesmo tempo, acena-se com reconexão com a torcida. Ingressos a preços mais acessíveis, novos layouts de loja, novos produtos também com preços mais convidativos. Para o Vitória, aposentam-se os planos de arenização do Barradão.
Percebe-se que o básico tem sido feito: olhar para a divisão de base, reconectar-se com a torcida em nível mais alto, manter o trabalho que deu certo em elenco e em treinador. Acima de tudo, parece ter havido uma resolução neste ano novo que tem permeado as ações em cada nova história. A de que Bahia e Vitória são grandes e, como grandes que são, devem armar-se como tais. Questão de lógica: o primeiro passo para ser grande é ver-se grande.
Com esta postura, as chances de se verem vitoriosos aumentam consideravelmente. Dão viva referência de que este 2018 promete, muito além da Copa do Mundo. O estado, o Nordeste, o Brasil? Realizações são do tamanho de nossas ambições.
* Gabriel Galo é escritor.
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Artigo publicado em 22 de janeiro de 2018 no site do Correio da Bahia. Link aqui.
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Crédito da foto: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO
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