Lendo agora
Quem tem boca, vaia Tite

Quem tem boca, vaia Tite

Tite, Copa América, Brasil, Brasil x Venezuela,

O Brasil de Tite vive hoje num limbo. O desempenho sofrível conta a Venezuela fez merecer as vaias em Salvador pela Copa América 2019.

***

Alguma coisa acontece com a seleção brasileira na Copa América em Salvador.

Em 1983, em época de Copa sem sede fixa empatou em 1 a 1 no jogo de volta da final e viu o Uruguai levantar o caneco. Em 1989 teve o rebu dos 3 jogos em casa. A não convocação de Charles, a bagunça da CBF e de Lazaroni, o péssimo gramado… Tudo contribuiu para criar um clima de animosidade e mau desempenho. Até ovada de mira a laser sobrou em Renato Gaúcho, enquanto o escrete subia a escadaria do antigo vestiário da velha Fonte. Vitória apenas contra a Venezuela, então saco de pancada do continente, e dois zero a zeros modorrentos.

Eis que 30 anos depois, o Brasil regressava a Salvador em Copa América para enfrentar uma Venezuela de defesa mais robusta. E a solidez defensiva dos venezuelanos contrastou com a palidez ofensiva da Seleção Brasileira.

Apesar da terceira colocação no Ranking da FIFA e da invencibilidade pós-Copa do Mundo, a anemia brasileira é regra no campo de jogo desde a própria Copa do Mundo.

Tite comete os mesmos erros vistos, por exemplo, no Corinthians, em 2013. Insiste com peças que estão ‘fechadas’ com ele, numa fidelidade que racha o grupo e corta a empolgação, além de travar o futebol da equipe.

Inúmeros são os exemplos. O amor incondicional por Willian e Fernandinho. O uso tacanho de Gabriel Jesus. A subserviência a Neymar. Tirar Marquinhos da titularidade na Copa. A lista é longa.

Fato é que Tite, no seu excesso de tatiquês tão insuportável quanto incompreensível, molda os jogadores para que se tornem meros robôs de posicionamento. É a ceifagem do improviso e a imposição da ocupação de espaços desconfortáveis aos jogadores. Os homens de frente do Brasil atuam tortos.

Ao vermos sob esta óptica, concluímos que Tite não é técnico da seleção que etrai o máximo dos jogadores que tem à disposição. Tite é, pois, técnico que reduz alguns dos mais respeitados nomes do futebol a quadrados e posições do seu esquema imutável.

Então, não havia de ser diferente que diante de uma Venezuela mais organizada que a Bolívia, o Brasil atingisse uma parede e não soubesse o que fazer a partir dali. Falta criatividade. Falta ousadia. Falta aquilo que fez o Brasil ser a potência mundial que é do futebol.

O Brasil de Tite não é Brasil. Tampouco é Europa e sua tática acertada em relógio. Tentando ser um, esquece o outro e falha nos dois.

Tite, Brasil, Brasil x Venezuela, Copa América, Copa América 2019, Papo de Galo, Gabriel Galo

Natural, portanto, que Salvador, uma vez mais, vaiasse a Seleção Brasileira ao fim do jogo. A lotada Arena Fonte Nova, de ingressos caríssimos, pagou para ver espetáculo e viu baba de qualidade sofrível. Percebeu que, ao que tudo indica, o prazo de validade de Tite venceu.

No que, parafraseando o ditado antigo, podemos entender que, na situação atual, quem tem boca, vaia Tite.

Gabriel Galo é escritor

Acompanhe os contos e crônicas da Copa América 2019 clicando AQUI!

Crônica publicada também no Correio*. Link AQUI!

Ver Comentários (0)

Deixe um comentário

Seu e-mail jamais será publicado.

© Papo de Galo, desde 2009. Gabriel Galo, desde 1982.