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O imã repelente da falta de costume

O imã repelente da falta de costume

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“Não há nada de tão absurdo que o hábito não torne aceitável.” Assim tagarelou Erasmo de Rotterdam. As lutas de Bahia e de Vitória neste momento referem-se a isso: ao hábito, ao costume.

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Vez ou outra, vê-se a crônica esportiva entrar numa espiral de polêmicas vazias. Ok, não é bem vez ou outra, mas o dia-a-dia de programas que precisam de debates inócuos para exaltar os ânimos e oferecer aqueles queridos e patrocinescos pontos de audiência. Ainda assim, em raras ocasiões, provida a abordagem correta, o extrato do assunto pode virar desdobramentos valiosos.

Faz pouco tempo, quando do título da Copa do Brasil, perguntava-se se cabia ver o Athletico Paranaense dentro do clube dos times grandes. Surgiram, então, as comparações com Vasco e Botafogo, se o lugar de algum dos cariocas tinha sido tomado (Neste instante, a história chora com o despropósito do rebaixamento retórico dos alvinegros de regatas.)

A questão, no meu entender, é o costume de disputar as primeiras posições de campeonatos de maneira recorrente. Até porque, estatisticamente falando, têm mais chances de levar um caneco aqueles que estão disputando lá na frente. Não que não seja possível haver exceções, claro que há, mas exceções são, pois, exceções, estas coisas mágicas que dão boa parte da graça deste negócio chamado futebol.

Neste Brasileirão 2019, tanto de Série A quanto de Série B, é este sistema de poderes que se vê em campo.

Apesar dos nítidos avanços nos últimos anos, ao Bahia falta aquele passo à frente. Entrar no G6 se provou um desafio na decepcionante sequência de três partidas em casa, quando esteve a uma simples vitória de fincar pé na zona de classificação para a Libertadores. Parafraseando à moda da casa as palavras de Roger em coletiva, é o tal do imã repelente da falta de costume.

Mas, enfim, vale a máxima dos clichês passadores de pano. O jogo só acaba quando termina, e apenas ao fim das 38 contendas que saberemos qual é a do Bahia: se  consolida na elite ou dá um passo importante para o crescimento.

O mesmo, pois, vale para o Vitória. Este infame Z4 não é área de convivência de quem por mais de 20 anos esteve degraus acima. Se nele se hospedou por rodadas demais, cada uma doeu a dor da falta de costume, da inquietude do não pertencimento. E apesar da pontuação baixa, vê aqueles mais afeitos ao descenso se afundarem com mais afinco rumo à Série C.

Cada qual com a sua realidade, com que lidam tal qual polos opostos, repelidos pelos grupos de seus alcances. Um, desejoso de entrar; outro, de fugir. Ambos enfrentando poderes dos afeitos que não abrem mão de seus protagonismos.

A lição do Athletico para o Bahia é a de que o destemor é pedra fundamental para avançar. Para o Vitória, como bem já experimentou algumas vezes em sua história, é a de que time grande pode cair, sim, mesmo para a C. A chave, pois, é a mentalidade. Querer sempre a vitória, partir pra cima, aceitar nada menos que os três pontos em todas as situações. Há de se acostumar com vencer para se sobressair.

Aprenda-se, pois, a verdade universal: a covardia nunca foi característica dos campeões.

Gabriel Galo é escritor

Artigo publicado na página 2 e no site do Correio da Bahia em 28 de outubro de 2019. Link AQUI!

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