Em 1979, o guru da Administração Michael Porter criou o modelo das 5 forças competitivas que direcionam a estratégia. Vamos partir deste modelo pra entender com mais cuidado a história da relação da televisão, no caso a Globo, com os clubes de futebol.
A primeira força é a rivalidade entre competidores. Durante muitos anos, a Globo reinou absoluta porque outras emissoras não conseguiam se igualar nem em poderio financeiro nem técnico.
A segunda força é a barganha do comprador, que vamos traduzir como audiência e patrocínio, cada vez mais difícil de se obter.
A partir da terceira força, os baques foram mais graves.
Na barganha do fornecedor, a Globo atuou ativamente com a CBF para implodir o Clube dos 13 e passar a negociar individualmente cotas de transmissão. Isso aumentou a disparidade de recursos a níveis espanhóis e estimulou a dissidência.
A quarta força de Porter é a entrada de novos competidores, e nisso a Turner, gigante americana, veio para desestabilizar as relações. E muitos clubes, insatisfeitos, se alinharam à concorrência que nascia.
A quinta e última força é a substituição de produto, no caso, a entrada de novas tecnologias, de novos modais de transmissão. Na evolução, o rádio sucumbiu para a TV aberta, que viu a TV fechada crescer, que agora vê serviços de streaming pela internet ameaçar definitivamente sua posição.
Estamos no meio de uma transição importante no mercado. A Globo, antes monopolista, enfrenta competidores no seu segmento e em novos segmentos que não domina.
TV não é vilã ou heroína. TV é meramente meio, que está ali para maximizar lucros e que sempre usou suas vantagens a seu favor.
Partamos do princípio: primeiro veio o futebol e são os clubes que fazem o jogo. Dessa maneira, a propriedade sobre a qualificação de um campeonato depende dos clubes. São eles que devem entender os fatores que garantam a sobrevivência no longo prazo, como equalização de receitas, e lutar para que as condições atuais favoreçam este caminho.
E quando se for capturar como as relações de poder em negociação se assentam, voltemos ao esquema de Porter e refaçamos a análise sob a óptica daquilo que se quer conquistar.
Eu sou o Gabriel Galo e esse foi o mais que “90 segundos” especial para o Futebol S/A. Me acompanhe também no papodegalo.com.br e nas minhas redes sociais. Um forte abraço e até a semana que vem, direto aí da bancada da Rádio Sociedade!
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