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Tudo ou nada

Tudo ou nada

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A convocação de manifestações em quarteis no dia 31 de março é símbolo de que a Bolsonaro somente resta a radicalização e ele aposta num golpe militar.

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As manifestações do último dia 15 foram um fiasco. Apenas os apoiadores extremistas do presidente irresponsável permanecem a seu lado. E sentiram o golpe do esvaziamento.

Na esteira do fracasso, começou a chamada para eventos no dia 31 de março, em modelo simbólico do autoritarismo que rege os populares que permanecem nas trincheiras. A proposta da nova saída às ruas é se reunir na frente de quartéis, convocando os militares para pegar em armas e providenciar o fechamento do STF e do Congresso Nacional. A data também vem carregada de simbologias. Foi em 31 de março de 1964 que a Ditadura Militar brasileira proferiu seu golpe de estado.

Não se pode chamar de outro nome. A intenção é clara e esteve presente durante toda a irrelevante carreira do baixo clero elevado a um cargo ao qual não tem qualquer preparo, seja emocional, seja cognitivo.

O que Bolsonaro quer fazer é GOLPE. Pretende implantar sua ditadura teocrática, para que, uma vez livre das amarras que o prendem à civilidade, relinchar rumo ao autoritarismo mais tacanho, uma idiocracia que teria em seu populismo ignorante um representante emblemático.

Tudo o que significa dentro atuação do atual mandatário vai sempre continuar revestida de campanha eleitoral, porque o objetivo é eleger uma ditadura rediviva, que escanteia o positivismo e um certo tecnicismo militar de antanho para dar vez a uma gente incompetente e amargurada.

Com isso, a pandemia vira histeria, a economia vira uma profusão de mentiras liberaloides empurrando reformas que desprotegem trabalhadores. E vai falar sempre pra claque aplaudir, gritar “mito” e espalhar fake news.

Fato é que há uma regra neste desgoverno: tudo o que sai de Brasília é fundamentalmente falso, até que se prove o contrário.

Neste cenário de crise de saúde, que evolui para desbalanço econômico e vira pano de fundo para o desmantelamento de instituições, órgãos fiscalizadores têm posição crítica, mas passiva.

STF e Congresso se limitam a tuítes, mas sem tomar as providências contra os inúmeros crimes de responsabilidade cometidos pelo ignaro presidente.

A imprensa, salvo raras e honrosas exceções, corta o jornalismo investigativo, este que custa caro e leva tempo, para focar em espalhafatos caça-cliques.

Mas o barulho, aos poucos, vai aumentando no sentido de entender que um ser tão oposto aos ideais democráticos e de civilidade, está fazendo hora extra no mais alto cargo político do país.

A saída de Bolsonaro da presidência é uma questão de prevenção, de manutenção da ordem democrática, de demonstração de força de um modelo de convivência baseado no respeito e na educação.

Deveria este motim do dia 31 ser interpretado como ameaça inequívoca ao país, à ordem democrática. Não há outra maneira.

E mostra que Bolsonaro está acuado. Parte para o tudo ou nada, dobrando a aposta mesmo depois de manifestações que geraram muito mais efeitos negativos e que escancararam seu abandono. Leva como última carta um certo apoio militar que não sabe se tem, mas espera conquistar pela grita na frente de quartéis.

Uma aposta alta demais e que deve levá-lo ao precipício. As convocações para atos no dia 31, aconteçam eles ou não, são um golpe de misericórdia de quem está contra as cordas, mas um que possibilita contra-ataque e pode levá-lo a nocaute, com chances enormes de causarem um impeachment, o terceiro de cinco presidentes eleitos depois da reabertura democrática.

Passou da hora de tirar Bolsonaro do Palácio do Planalto e da vida pública e renegá-lo à insignificância que ele deveria representar.

Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil

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