A regra do jogo, como bem mostra este ano, é o absurdo, a bagunça, a ausência de sentido. Portanto, a regra é a falta de regras, é o cada um por si.
Nem bem a Taça Rio terminou de ser comemorada externamente, continuou-se em prática a busca pela individualismo que dilacera contratos.
Assim, a final do Campeonato Carioca entrou num impasse com relação aos direitos de transmissão. O Flamengo, líder da armada única de implosão de acertos prévios, obteve liminar na justiça fazendo valer sua condição de mandante no segundo confronto, vendendo a transmissão para o SBT.
A relação entre Flamengo e Globo, tão vital para ambos durante muitos anos, chegou a um impasse. Porque o que se vê neste trâmite dos campeonatos estaduais é um teste para voos maiores. Fazendo analogia, o que estamos presenciando é o que o caso Bosman representou para a lei do passe.
O surgimento de novas mídias alterou a estabilidade das interações. O streaming avançou, além dos clubes terem percebido a necessidade de serem proprietários de seus conteúdos.
Só que ninguém, no mundo, negocia sozinho. Mais do que isso, mesmo nos locais onde novas mídias foram incorporadas às negociações, a TV segue sendo a mais valiosa, fonte fundamental de receitas.
É, por fim, irônico o destino. Há quase uma década, a Globo incentivou Flamengo e Corinthians a implodirem o Clube dos 13. Hoje, vê se antigo aliado promover uma disputa que pode afastá-la do controle do futebol.
Em crise, a Globo vai para a briga. Mobiliza os clubes para valerem os contratos assinados, e os clubes, presos a adiantamentos impossíveis de serem devolvidos, devem ceder.
É impossível avaliar o que sairá desse imbróglio. Mas ele é resultado de um sistema jurídico que se pauta na incerteza, em negociações escusas, chantagem financeira, traição e novas mídias. O Fla-Flu é só o instrumento para viabilizar a virada de mesa contratual.
Crônica publicada pela primeira vez com exclusividade na Papo de Galo_ revista #5, páginas 53-54.
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