Economistas se reúnem cheios de dados. Modelaram complexos cálculos matemáticos para projetar o impacto da pandemia para a economia, seja local, seja mundial. E os números divergem como se estivessem em análise cenários opostamente relacionados.
O sumo da observação leiga à reunião pode ser resumido de maneira até relativamente simples: ninguém sabe de absolutamente nada.
Similar aos dias atuais apenas a crise da febre espanhola, há pouco mais de 10 anos, quando o mundo era inteiramente outro.
Vou eu, então, ficar batendo cabeça para compreender que haveremos de encontrar do outro lado quando tudo isso passar?
Ora, pois. Me deixe, viu?
Busco de uma vez o aprendizado de Sócrates: só sei que sei lá, parceiro. O mundo é um grande de um sei lá por estes dias.
Vai todo mundo achando, imaginando controle, previsão, predição, mas no fundo, no fundo, tá todo mundo com ponta do dedo molhado em riste para gelar a superfície pra onde vai o vento.
Pobre gente esta que tem que apelar à burocracia do desespero preditivo, justo quando mudaram o jogo por inteiro, tabuleiro, regras, peças e jogadores.
São perguntas demais sobre o ponto futuro.
Se não sei se chegarei lá são, qual o preço que o isolamento vai cobrar de meu físico e mente, vou perder tempo nenhum a desvendar os mistérios do mercado.
Por hoje, na manhã que raia meio fria, admito que abandono a lógica.
No horizonte, miro um apanhado de sereias que me chamam sedutoras para um lago aquecido. “Vem!”, elas suplicam. Lindas, enchem-me de elogios. Estou tentado.
— A água está boa?
— Maravilhosa.
Da varanda salto em sobrevoo as casas da vizinhança. Vejo o movimento que vai crescendo. Chego para pousar sobre os braços delas em recepção, deitando meu corpo sobre a superfície da água.
— Água gelada do caralho. Essa é a água boa?
Elas sorriem. Sabem que melhor ali que de volta ao estalo da realidade.
Crônica publicada pela primeira vez com exclusividade na Papo de Galo_ revista #6, páginas 40-41.
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