Está num leve toque de mãos. Aquele de inesperado ou aquele que caminha junto, ou aqueles de outros tantos modos e tantas maneiras, choque que acelera o batimento.
Numa gargalhada, sorriso aberto àquilo que diverte. Não precisa de muito, precisa, apenas, que seja.
Na comida feita em casa, mas pode ser pizza também, porque tem dia que a gente merece.
No abir de um vinho, de uma cerveja. Um suquinho às vezes resolve.
Na leveza do dia-a-dia. Os que dizem que relacionamento é troço complicado ou se utilizam da retórica para justificar um a dois infeliz, ou a régua para o descontentamento está elevada.
No preservar da individualidade. Não somos um: somos dois formando o um.
Nas conquistas, alcançadas, planejadas ou sonhadas. Vambora, que se cair, eu seguro.
Nas conversas, aquela sem atropelamento ou destempero, que avançam nas horas sem se fazerem percebidas.
Nos almoços ou jantares na casa dos pais, não como obrigação, mas como querer.
Naquela ligação no meio da tarde para apenas saber como está. Trabalhando? Comeu? E a viagem, como foi?
Na faísca que explode na troca de olhares. No toque da pele, no beijo que não se quer que termine.
Pode estar em muitos lugares.
Há um, no entanto, que é especial, por transcendental.
Ali, deitada sobre meu peito, o exato instante em que o prazer encontra a tranquilidade. Quando a entrega física se põe em mutação para a entrega da alma. Sou sua. Sou seu. Na janela em que não há pressa nem palavras.
Aquele ponto onde não se consegue distinguir o que é paixão do que é amor. Naquele ponto onde o portal para uma nova experiência metafísica se abre. Química, filosofia, biologia, e outras tantas ciências agem silenciosamente em nome do ‘eu te amo’.
A mão leve que me acaricia, despretensiosa. O afago natural em réplica nos longos cabelos.
Leves carícias a dizer que o caminho se percorre junto. E que não há ninguém no mundo com quem mais se queira atravessá-lo.
***