O assunto clube-empresa no Brasil é envolto em muita desconfiança. O histórico explica. Fundos de investimentos de origem suspeita injetaram dinheiro em diversas equipes no começo dos anos 2000. Pouco tempo depois, estes mesmos clubes sofreram as consequências quando fonte misteriosa de recursos secou: foram inúmeras investigações policiais, prisões, multas altíssimas, prejuízos milionários e rebaixamentos, incluindo Bahia e Vitória.
No mundo, sobram casos de problemas relacionados a aventureiros que adquirem clubes e deixam o espólio do fracasso para a torcida recuperar. Aconteceu em Portugal, na Espanha, na Inglaterra e em mais todos os lugares que discutem a regulamentação das SA como única salvação de equipes.
Clube empresa no Brasil: o mesmo de sempre
Vemos o debate seguir estes termos no Brasil. No centro da discussão, o fato de que somente a entrada de um grande investidor estrangeiro pode salvar um clube da iminente falência. Uma visão infantilizada que se assemelha à descoberta de um bilhete premiado da Mega Sena, que vai garantir o futuro brilhante, mas que desconhece mínimos conceitos de viabilidade de investimentos e ignora os problemas e aprendizados que esta pauta traz.
A exceção no trato dos clubes empresa é a Alemanha. Isso ocorre porque definiu-se que a participação externa nunca pode ser superior ao que a própria torcida, via programas de sócio-torcedor, detém. Ou seja: um proprietário ‘de fora’ nunca terá mais poder que a própria torcida. Com isso, garante-se que os interesses sociais do clube serão primariamente respeitados perante potenciais especuladores e aventureiros.
Este é o caminho para que se possa estabelecer uma relação saudável de clube empresa no futebol brasileiro, ultrapassando a fantasia do jardim de infância e se baseando em fatos e lições externas. Não podemos abrir a chance para que se repita o desastre das SA de vinte anos atrás.
O debate será longo e cansativo. Mas uma coisa é fato: nunca se deve acreditar em discursos catastróficos de salvadores da pátria.
Eu sou o Gabriel Galo e esse foi o 90 segundos especial para o Futebol S/A. Me acompanhe nas minhas redes sociais no @souogalo e também no papodegalo.com.br. Um forte abraço, e até a semana que vem.
Leitura recomendada
“Clube empresa: abordagens críticas globais às sociedades anônimas no futebol”, de Irlan Simões.
Acompanhe todos os áudios e textos do quadro “90 segundos” do Futebol S/A clicando aqui.
Ouça o programa completo sobre a importância da união dos clubes no Spotify e Google Podcasts.
Apoie!
Você pode contribuir de diversas maneiras. O mais rápido e simples: assinando a nossa newsletter. Isso abre a porta pra gente chegar diretamente até você, sem cliques adicionais. Tem mais. Você pode compartilhar este artigo com seus amigos, por exemplo. É fácil, e os botões estão logo aqui abaixo. Você também pode seguir a gente nas redes sociais (no Facebook AQUI e AQUI, no Instagram AQUI e AQUI e, principalmente, no Twitter, minha rede social favorita, AQUI). Mais do que seguir, participe dos debates, comentando, compartilhando, convidando outras pessoas. Com isso, o que a gente faz aqui ganha mais alcance, mais visibilidade. Ah! E meus livros estão na Amazon, esperando seu Kindle pra ser baixado.
Mas tem algo ainda mais poderoso. Se você gosta do que eu escrevo, você pode contribuir com uma quantia que puder e não vá lhe fazer falta. Estas pequenas doações muito ajudam a todos nós e cria um compromisso de permanecer produzindo, sem abrir mão da qualidade e da postura firme nos nossos ideais. Com isso, você incentiva a mídia independente e se torna apoiador do pequeno produtor de informações. E eu agradeço imensamente. Aqui você acessa e apoia minha vaquinha virtual no no Apoia.se.