Tenho problema de surdez desde a infância, muito provavelmente por ter sido exposto, ainda criança, a ambientes de muito barulho. Eu tinha seis meses, na barriga de minha mãe, quando ela e meu pai foram a Woodstock. Imagino que a guitarra de Jimi Hendrix e o gogó de Joe Cocker foram mais nocivos para mim e para o meu irmão gêmeo do que as pílulas de LSD ingeridas por minha mamãe natureza.
Os meus tímpanos foram novamente bombardeados quando os meus pais aderiam à cultura baiana, em meados dos anos 70. Carlinhos Brown ainda era um incipiente tocador de chocalho e eles já vararam madrugadas pulando carnaval no centro de Salvador.
Sem nenhum parente na Bahia, os meus pais não tinham com quem deixar eu e meu irmão. O que eles faziam? Estacionavam a Variant numa das ladeiras próximas à Praça Castro Alves, estendiam dois lençóis no porta-malas, cantavam um trecho de “Peguei um Ita no Norte” (nossa canção de ninar favorita) e iam para farra.
Numa madrugada, eu acordei. Cutuquei meu irmão e pulamos para o banco da frente. A janela ficava aberta. Estranhamos a ausência de nossos pais, demos alguns berros, e volta-mos para nosso cafofo-móvel, resignados.
O grande susto eu tomei de manhã, ao abrir os olhos e me deparar com o Vovô do Ilê, Paulinho Boca de Cantor (uma espécie de Fofão do Agreste) e Moraes Moreira, olhando pra gente, maravilhados com a solução inventiva de meus pais.
Foi Moraes quem comentou, apontando pra mim:
― A barriga daquele ali tá buchada de tanto verme…
Nada mais normal no fim dos anos 70.
Hoje temos um verme na presidência. Isso sim é estranhíssimo.
Tá perdendo nada, Moraes. Vai tinindo e trincando se juntar a Gonzagão, João do Vale e Jackson do Pandeiro.
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