Ouvi com bastante interesse as histórias dos que tiveram a oportunidade de conhecer a ilha de Fidel. Uma afirmação comum me chamou bastante à atenção: a de que tudo seria diferente caso Cuba fosse um país capitalista, seria um balneário caribenho, paraíso inexplorado na Terra.
Não irei aqui abordar com profundidade os fatores econômicos que envolvem essa questão, muito embora sejam balizadores do raciocínio. Essa é uma seção de Metafísica, não de Política & Economia. Surpreende, no entanto, a incapacidade que alguns possuem de simplesmente pensar em quais são os reais motivos que os levam a afirmar tal leviandade, mas que se prova verdadeira nos aspectos periféricos.
Onde eu quero chegar?
Estressei alguns questionamentos importantes para a impressão que estrangeiros possuem da ilha. Alguns fatores saltaram aos olhos na largada: Cuba seria um balneário caribenho caso a infraestrutura fosse mais bem desenvolvida em alguns pontos e não tão deteriorada em outros. Havana é bela, porém decadente.
Apertei mais um pouco e eis que a conclusão a que se chega é a de que todos queriam que sua visita fosse mais confortável. Ou seja, os benefícios do capitalismo desejado pelo visitante não são para o povo, e sim para os próprios turistas que não querem ter que preocupar se a tarifa do táxi será cobrada corretamente.
Cadê o questionamento, então, ao modelo? Que diferença faria para o povo cubano? Pensemos em outros países do Caribe: o que, potencialmente, diferiria Cuba de uma República Dominicana, por exemplo, igualmente pobre e atrasada?
No que chegamos que o fator periférico se prova o correto para questionar o modelo cubano. Por debaixo da superficialidade há o conteúdo que merece ser revirado. O modelo cubano abandona as liberdades individuais. Direitos mais simples são limitados. Como o de ir e vir: ainda hoje, um cubano não pode sair de Cuba sem levar qualquer pertence pessoal a não ser em missão reconhecida pelo estado.
Não há liberdade de imprensa ou de opinião: todos os meios de comunicação são estatais. Não há alternativa educacional: em qualquer âmbito o aprendizado reforça o poder e magnitude do regime.
Por outro lado, não há fome, analfabetismo e sem-teto. Imaginar, no entanto, que ao ser humano basta comida, um teto para morar, e um comportamento social moldado pelo estado, é leviano em demasia.
O cubano é um animal doméstico, adestrado para obedecer às ordens do seu mestre, sem questionamento ou alternativa. Entrega devoção a uma causa que grande da população desconhece por não ter vivenciado. É essa degradação do ser humano que merece ser combatida em Cuba. É essa decadência que deveria elevar as vozes para uma necessidade de mudança, uma vez que o modelo atual se provou ultrapassado há tanto.
Mas não. À maioria que lá passeia, o importante é pensar que poderia tomar seu mojito com mais tranquilidade e depois voltar para a sua casa com a alma lavada por se sentir efetivamente superior. Não há nada de altruísta nisso.