aquele cheiro da
manhã no ponto
de ônibus do porto
da barra cheiro de
sol de laranja
falsificada no saco
de refresco
fosforescente
cheiro de suor dos
garis dos guris da
rua da boca
de lobo sugando
tudo para
o submundo e então
vomitando o avesso
de tudo bem no
rosto de quem desce
os degraus do
transporte vindo da
baixa de quintas
vindo da rodoviária
vindo de qualquer
lugar em que o mar
não chegou ainda
mas um dia chega
você pisa no asfalto
se desequilibra na
borda da boca de
lobo seus dentes de
ferro a boca do inferno
bem ali onde um
certo pereira tropeçou
mirando a ilha dos
índios nós os índios
de terras longínquas
nossa ideia mongoió
da vida diante daquele
paradoxo do cheiro
agridoce que vem
com a brisa do mar
oceano misturada
com os ventos do
interior porque por
trás da ilha naquele
horizonte emana
veja só o sertão.
* Nílson Galvão é Mestre em Comunicação e Política pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Poeta, é autor de Caixa Preta (2009), Ocidente (2012), O espiritismo segundo o google streetview (2017) e #nibrotas (2020).
Artigo publicado na Papo de Galo_ revista #14, de 28 de março de 2021, páginas 74 a 75.
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