Não, eu não coloquei o quadrado preto com a hashtag #blackouttuesday nas redes sociais no dia 2 de junho.
Conforme postura adotada para temas não diretamente relacionados a uma causa em que eu tenha lugar de fala, preferi esperar e entender o contexto. Ouvir vozes, balancear os pontos e definir um caminho. Vi, então, 2 mundos.
Num deles, os brancos, dentre eles amigos meus, queridos, gente não-racista, gente antirracista, que colocou o quadrado preto. Uma mensagem de “estamos juntos”, de “sua causa é, apesar dos meus privilégios, minha também. Conte comigo.”
Mas não foram apenas estes efetivamente de bem que se apoderaram da campanha. Celebridades (e subcelebridades, por supuesto) também entraram na onda, e aí os problemas surgiram.
Problemas estes que foram apontados pelo universo negro, com toda razão, com argumentos contundentes, com enfrentamento assertivo. Aos fatos.
A hashtag era originalmente para que as pessoas divulgassem casos de racismo mundo afora. Ao se apropriarem os brancos da ação também para si, as denúncias se perdem no amontoado das pesquisas em redes sociais, invisibilizando, uma vez mais, uma manifestação exclusivamente negra.
Adicionalmente, num momento tão sensível de nervos à flor da pele e constantes assassinatos do povo negro pelo braço armado do estado, pede-se muito mais que uma hashtag: pede-se atitude. Mas, normal e infelizmente, costuma-se parar na hashtag. E, recorrentemente, li, vi e ouvi : PAREM DE USAR A HASHTAG E DE POSTAR O QUADRADO PRETO.
Bastou. Estava claro o que eu deveria fazer. Postar a hashtag seria embarcar numa causa que, além de não ser a minha, faria eu me juntar a gente de índole questionável em meio ao mundo de gente do bem para ganhar tapinha nas costas de brancos, enquanto negros, mesmo em parte, foco da ação!, permaneceriam em desagravo. Não foi uma escolha difícil.
Artigo na edição #1 da Papo de Galo_ revista, em 05 de junho de 2020.
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