Os sábados de manhã são uma rotina estafante para Dona Gertrudes. Aliás, os domingos também. Preocupação de mãe não morre, lá sai Dona Ge, como o povo a conhece, em busca de seu filho, Caetano, que não voltou para casa na noite anterior.
Caetano é menino-moço, vinte e poucos anos, a cara do pai, segundo o Dom Carlos, que conheceu Genivaldo antes dele ir morar em São Paulo e nunca mais voltar. Trabalha no bar do amigo de seu desconhecido pai, que resolveu acolher o menino atendendo o pedido de Dona Ge, por quem nutre uma afeição muito grande.
As noites de sexta e de sábado eram de lei. Caetano terminava o expediente e prolongava a noite e não voltava, para desespero de sua mãe. E no dia seguinte, lá saía ela a buscar o filho.
– Bom dia, Dom Carlos. O senhor sabe de Caetano, meu filho?
– Caetano? Sei não.
E seguia para o bar mais próximo.
– Bom dia, meu senhor. Sabe de Caetano, meu filho?
– Caetano? Sei não.
E seguia a rotina até ter uma pista de onde estava o rebento. Quando o encontrava, o amparava e o escoltava até em casa. Os lugares eram os mais variados. Na casa de Valdenor, o traveco, de Vanda, a sua namoradinha de infância, em alguma calçada jogado, na casa de algum amigo, especialmente na do Boca, jogando cartas regado a bebidas e drogas, ou até mesmo na delegacia depois de uma noite de baderna.
Na igreja, as irmãs sempre tentavam alertar Dona Ge sobre o futuro de Caetano.
– Dona Ge, a senhora precisa fazer alguma coisa com Caetano. Assim ele não vive mais muito tempo, não.
– Caetano é menino bom. Tem um coração enorme! Ele não faz por mal.
Naquele sábado de manhã Dona Ge não encontrou Caetano em lugar nenhum. Voltou para casa já esperando pelo pior, quando encontrou seu menino tomando café da manhã, tranquilo, na mesa da cozinha.
– Caetano, meu filho! Estava desesperada!
– Tô aqui, minha mãe.
– Eu te procurei por toda parte, Caetano. Foi tudo quanto é bar, boteco, casa de jogo, casa de amigos…
– Mas no meu quarto não, né?
– Ora, mas quá!, pra quê? Você nunca está lá!
– Pois nessa noite eu estava.
No dia seguinte, lá foi ela à procura de Caetano. Mesmo desespero, mesmo desencontro, quando se deparou com Caetano, desta feita, varrendo a sala da casa.
E assim se foi por muitas semanas. As irmãs gritavam aleluias por terem feito realizar-se o pedido de todas: a regeneração de Caetano. Todas eram contentamento puro, menos Dona Ge.
Com o passar do tempo ela era vista cada vez menos fora de casa. Cabisbaixa, triste, resmungava pelos cantos. Um dia, na igreja, as irmãs foram ter com ela sobre sua ausência e, invariavelmente, o assunto seguiu para Caetano.
– E que bênção Caetano, não, Dona Ge?
– Caetano? Sei não. Esse aí só me dá desgosto.