(09 de novembro de 2017, 16:58h, horário de Salvador. A 33° rodada do campeonato Brasileiro tinha se encerrado. O Bahia brocou o Avaí fora de casa, com direito a baile de Edigar Junior. A atuação do atacante deixou a torcida tricolor em polvorosa e provocou reações inesperadas.)
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Conhecido torcedor do Bahia passou a quinta-feira meio avoado. Rendeu pouco no trabalho. Pediam relatório, mas ele errava, esquecia. Não ligou pra mulher, no que ouviu bela bronca. No almoço, nem ligou pra carne-de-sol, e ele não era disso. Desligado, distante, parecia não estar ali. Um colega foi ter com ele.
– Qual foi, man?
– É o quê?
– É o quê o quê?
– Diga aí, vá, na moral. Quê que cê quer?
– Tá todo mundo comentando que você tá em outro mundo hoje, cabeça. Colé de mermo?
– É niûa, véi.
– Niûa? Venha cá, você acha que engana quem? Sou seu brother, mermão. Se abra aí, vá.
– Lá ele.
– Lá elíssimo.
Chegam mais 3 amigos, todos trabalhados na preocupação.
– Colé de mermo, pai?
– Né nada, ja falei.
– Mas rapaz, gente é besta agora? Tá na cara!
– Na cara o quê, porra?
– Sei lá que mizéra te aperta a mente, mas bem tu não tá, não.
Ele hesita. O grupo incentiva, e quase ao mesmo tempo soltam:
– Fala, man!
– Tô meio confuso, véi.
– Confuso com o quê?
– Umas paradas aí.
– Que paradas?
– Porra, galera, cês juram que não contam pra ninguém?
– Claro que a gente não conta. Oxe! Cê tá me preocupando, véi…
– Então… faz um tempo já. Não tiro isso da cabeça. Vou dormir pensando, acordo pensando. Ainda mais em dia de jogo.
– Como assim, cabeça? É problema em casa? Brigou com a mulher?
– Rapaz, melhor se fosse.
– E então?
– Tô amando outra pessoa…
– Rapaz, aí é barril… Quem é? A gente conhece?
– Conhecem… Mas não pessoalmente.
– Eta! Então quem?
Ele cobre o rosto, envergonhado.
– Isso vai dar ruim…
– Fique tranquilo, brother. Quem é?
Ele respira fundo, criando coragem, e larga de vez, de gute-gute:
– EDIGAR JUNIO.
Os amigo se entreolham. Enternecidos, compreendendo o dilema, afinal, ali são todos Bahia. Buscam as palavras mais acolhedoras que podem encontrar, um apoio de quem compartilha o sentimento de amor recém-descoberto:
– Que homem!
E para ressaltar a macheza posta em dúvida, entoam em plena baia no meio do andar:
– Bora Baêa, minha porra!
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