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Em primeira mão: UFC Ba-Vi

Em primeira mão: UFC Ba-Vi

UFC Ba-Vi

Bahia e Vitória devem anunciar em breve um acordo inovador e exclusivo na história do futebol. Em movimento jamais imaginado, informações de bastidores dão conta de que o próximo clássico terá transmissão ao vivo pelo Canal Combate. Será também a primeira vez que a arbitragem será integralmente feita por vídeo. “Estamos com dificuldade de encontrar alguém que se habilite a correr o risco”, afirmou um dirigente, em condição de anonimato.

Como todo evento de vanguarda, a atração principal será precedida por uma série de atividades correlatas. Serão palestras, workshops e treinamentos desenhados especialmente para a ocasião. O objetivo é que cheguem todos preparados e no clima que o evento exige. Para os atletas, os que se destacam são:

  • Bombando no Twitter: como maximizar sua provocação em apenas uma frase. Bônus: faça das páginas M1L GR4U suas maiores aliadas.
  • Carrinho faz parte, voadora é uma arte: aprenda a aperfeiçoar sua entrada violenta. Absorva o mantra “se não tem gente mancando você não está se esforçando”.
  • Imagem é tudo: teste online dirá qual a melhor cara de mau de acordo com seu perfil: pugilista ou braços cruzados com olhar invocado?
  • Do cuspe na cara a embaixadinhas no meio-campo: mesa redonda debate qual a melhor maneira de causar briga generalizada.
  • Palestra motivacional especial: tapa na cara é obrigação! Lição de como é importante ganhar na briga depois de perdido o jogo.

Dirigentes também terão programação dedicada:

  • Realidade virtual: como criar uma hashtag que mobiliza a torcida, esconde os erros e acirra os ânimos.
  • Clubismo é tradição: a matemática irrefutável que prova que amadorismo às cegas é mais importante que qualquer prejuízo financeiro.
  • Terceirizando processos: como ser bem-sucedido na hora de encontrar laranjas sem expressão para prejudicar seu rival.
  • Torcida única: quando lei do menor esforço é para seu próprio bem.

Torcedores não ficarão de fora e terão acesso a conteúdo exclusivo:

  • Mimimi é função de todos: grupo de adolescentes sem qualificação mostrará passo a passo para se sentir ofendido com qualquer coisa.
  • Aprendendo com a depredação: ensinamentos valiosos por meio do vandalismo de patrimônio alheio.
  • O diferente não pode existir: aprenda a selecionar cuidadosamente o melhor palavrão. Live streaming com o tema “desqualificar o interlocutor é realmente o melhor caminho para desmerecer o debate?”
  • A culpa é da imprensa: módulo aberto que explicará minuciosamente que tudo pode ser colocado na conta dos meios de comunicação tendenciosos.
  • Escapando do radar: agende encontros para batalhas campais entre torcidas organizadas sem cair na malha fina da polícia e do Ministério Público.
  • A Revolta das Caxirolas: uma aula de história sobre como este episódio deve ser tratado como um dos maiores marcos de protesto do futebol mundial.

Adaptações também serão realizadas no campo de jogo e nas vestimentas. Em conformidade com as regras do UFC, em vez do tradicional círculo central do gramado, será pintado um octógono.

Além disso, a integridade física dos atletas está em pauta. Negocia-se permissão para que sejam liberados luvas e capacetes. Ao mesmo tempo, uma comitiva local está nos EUA conversando com médicos do futebol americano sobre armaduras protetivas.

Continua o cartola que pediu para não ser identificado: “Queremos entender se este aparato todo prejudicaria a mobilidade do jogo. O mais importante é a segurança. Afinal de contas, não somos animais selvagens”.

* Gabriel Galo é escritor.

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Artigo publicado em 05 de março de 2018 no site do Correio da Bahia. Link aqui.

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