Ué, mas o ditado do mundo da publicidade não é outro?
É. Mas no caso do Russomanno, sua estratégia é outra, distinta. Não tem tempo de TV. Mas tem uma ampla margem de votos, que hoje o colocam com tranquilidade no segundo turno.
E qual é, mesmo, o capital de Russomanno?
Lembremos que o Celso sempre foi parceiro de Maluf. É o candidato com dinheiro da Universal, que leva tantos outros evangélicos. Parece pouco, mas é uma fatia absurdamente elevada do eleitorado.
Russomanno cresceu no vácuo de nomes que nunca apareceram depois de 2013. Ele tinha a imagem como apresentador de televisão. Defensor dos direitos do consumidor (cof, cof, cof). E, o que mais, mesmo?
Pouco, muito pouco. Lembremos que falamos do terceiro maior orçamento do país! Não é trabalho para qualquer um.
O evento de Russomanno pode ser comparado, porcamente, com a ascensão de Marina em 2014. Já viveu, inclusive, efeito semelhante em 2012, quando largou na frente e viu Haddad disparar na reta final e ocupar seu lugar no segundo turno.
É este efeito que preocupa, por exemplo, João Dória e o próprio Russomanno. Explico.
Em 2014, Marina surgiu na frente das pesquisas depois da morte de Eduardo Campos. Numa eleição em que as opções eram Dilma (ai) e Aécio (ai), o eleitorado queria uma terceira via. Só que este voto não é firme. É maleável, e a tendência é que seja sedimentado em um candidato mais experimentado. No caso de Marina, Dilma e Aécio.
A preocupação de Russomanno se origina no fato de que o seu eleitor do possui um perfil historicamente alinhado ao PT. Já vimos em outro texto que o atual prefeito não vai pra frente. Em havendo a sedimentação do voto em um candidato mais experimentado, quem herdaria este público seria aquele mais próximo por afinidade. Daí que os olhos de Marta brilham.
Agora, para expulsar o candidato, Dória também teria que crescer, e aí é que a porca torce o rabo. Porque o eleitor do Russomanno não vai votar no tucano, por total falta de compatibilidade.
Assim, o cenário que se apresenta é o seguinte: Russomanno pode até perder votos, mas justamente para a candidata que vem logo atrás dele nas pesquisas. O que poderia tirá-lo de lá hoje é quinto, empatado tecnicamente em terceiro. Teria que perder um caminho de votos para este candidato, mas não há afinidade entre o votante e o concorrente.
Nos debates, fala pausado, devagar, quase parando… Dá um sono vê-lo falando. Um horror. É o jeito do Celso, e neste caso vem bem a calhar. Sai dos holofotes, deixa que todos fiquem se matando para que sobre incólume no segundo turno.
“Me deixem quieto no meu canto”, deve pensar ele. Tem funcionado. Não deve ser suficiente para fazê-lo prefeito, mas terá causado um estrago formidável nas estruturas dos dois principais partidos do país.
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Tentei ficar longe da política, não consigo. O tópico é atraente demais para ser deixado de lado. Outro ponto é que, ao contrário do que reza a sabedoria popular, política se discute, sim. Não com pedras e facas, numa batalha campal de ideologias rasas, mas com propostas, debates, análises. Aqui, começo a falar das campanhas dos candidatos à Prefeitura de São Paulo, onde moro e mais atrai à atenção os olhos do país. Num primeiro momento, vou ver as campanhas em si, se a comunicação é boa efetiva, se a mensagem agrada e dá chance ao candidato.