****
“Me larga, não enche,
Você não entende nada e eu não te fazer entender”
Não enche, Caetano Veloso
****
O burburinho era crescente na grande festa de Iemanjá, na velha cidade da Bahia. Dia 2 de fevereiro, como se sabe, é dia de festa no mar.
No muro da praia da Paciência, ela repousava.
Percebendo os olhos que vinham de trás, vira-se, entende que eram apenas curiosos, que ameaça não representavam. Deu de ombros e virou-se novamente para o oceano.
O que será que passava pela sua cabeça?
Um desgosto para com a festa, que a fazia virar as costas para todos que bebiam e se divertiam?
Ou talvez um gosto maior pelo mar, sentindo-se atraída ao vê-lo assim tão de perto, seus sons, ondas e farfalhar?
Ou, então, os dois ao mesmo tempo?
Sem importar qual era o quê, porque tem quê que não tem porquê, ouvia-se o grito de sua expressão corporal dizer, enfático:
“Me deixe!”
***