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Nova safra

Nova safra

Foi um bafafá na repartição pública quando uma nova leva de funcionários públicos foi contratada, abastecendo de gente a inflada máquina de governo. O problema é que traria gente nova, e, sabe como é, gente mais nova é gente mais magra. Aí morava o perigo.

Há muitos anos quem comandava o campeonato do governo era o Central de Informações e Cadastro, o CIC. De fato, ganhava de lavada. Era insuperável na esfera nacional. O resto tinha dominância, quando muito, regional. Uma das vítimas foi o Roteiristas do Governo, ou RG. Outros eram mais limitados porque não tinham como recrutar muita gente, mais limitados que eram em alcance. O Santa Rita do Passaporte, por exemplo, só trazia para si gente não lá muito interessada em bater bola. O Atlético Nacional Eleitor possuía título apenas no nome, e insistia a cada 2 anos sair distribuindo santinhos de suas glórias passadas. E os Reservistas, então, coitados? Seus atletas eram recrutados por pena, e o próprio nome já indicava a qualidade dos jogadores.

Então, deu-se um certo frio na espinha do CIC quando a nova leva se fez empossada.

O primeiro baque, dolorido, foi quando o novo time contratou o principal atacante do CIC para fazer parte de seu elenco. O Mendonça era meio-campista fagueiro, e seu físico robusto escondia uma leveza única com a bola. Era jogada conhecida: o Mendonça puxava o contra-ataque e, depois de driblar uns 3 adversários, abria na esquerda pro Nunes, que descia até a linha de fundo e cruzava com precisão para o arremate inapelável do Silva. Quantos gols não saíam assim? Era um atrás do outro.

Mas aí levaram o Mendonça. O inverno estava chegando.

Não demorou muito para o Silva ser seduzido por uma oferta tentadora. E fez-se noite.

Desfalcado de 2 integrantes do seu trio mortal, o MSN, o CIC se via perdido.

Ainda assim, começou a Liga Nacional, e mesmo sem os dois, o CIC foi avançando sem tanta complicação. Na semifinal, um jogo épico contra o Clube Novo Papu-Jari, que apesar do nome, nada tinha de relacionamento com a Funasa. Vai entender. O jogo foi um 4 a 3 emocionante, cheio de viradas e um gol aos 43 minutos do segundo para dar a vitória ao CIC, marcado pelo Nunes, o remanescente.

A final reservava um encontro com seu agora declarado arqui-inimigo: o Clube Político de Futebol.

Não houve vez para o CIC. Com 2 do Mendonça e 2 do Silva, o CPF goleou por 4 a 1. Muitos diziam ser o fim do CIC. E foi mesmo.

Diz-se que o mesmo aconteceu na Copa do Governo, o outro campeonato nacional. O Independente Nacional Atlético Moradores do Patriarca e Sercanias (e ninguém avisou os caras do erro de português? Ô, gente ruim…) enfrentaria o Sociedade Ultraje à Sociedade, este último time também carregado nos recém-empossados. E tal qual na Liga Nacional, o SUS não deu vez ao INAMPS e goleou impiedosamente por 5 a 2.

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E para quem se perguntava, foi assim que o CIC virou CPF e o INAMPS virou SUS.

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