Na primeira vez que vi a propaganda de 10 segundos da candidata do PSOL à Prefeitura de São Paulo, gargalhei. Na segunda, empáfia tomou conta. Na terceira, apenas achei patético.
E patética é a participação de Erundina na disputa. Não pela pessoa da candidata em si, mas o que sua candidatura representa.
Erundina é uma espécie de último suspiro de uma esquerda que se viu sem representantes. Não sejamos estúpidos que a esquerda vai deixar de existir, que fique claro. Mas os militantes mais assíduos, os verdadeiramente de esquerda, olharam para o lado e não viram ninguém.
Chega a ser triste a participação da ex-prefeita. De fora do primeiro debate por conta da representatividade de seu partido na Câmara – no que o STF já atuou – certamente estará nos próximos. Não vejo um bom horizonte neste sentido, e explico.
Dizem nos bastidores que a paraibana de 81 anos já não tem vitalidade, o que óbvio, mas também a mente começa a operar devagar e a falhar, o que angustiante. Não sempre, mas eventualmente, o que já deve causar danos suficientes quando o debate se acalorar. Entendamos que se trata de uma senhora de 81 anos, no que faz total sentido, biologicamente falando. E para os que acham que isto não é verdade, percebam que ela não fala em qualquer de suas propagandas. Nem a de 10 segundos, nem a de 15 nos intervalos comerciais. Sugiro uma hashtag aqui, que torço para dominar a internet: #falaErundina.
(aliás, rolou hoje, dia 08 de setembro, sabatina da TV Brasil + El País com Erundina falando)
Acontece que a decisão do STF minguou a única estratégia de que a campanha poderia se furtar: o coitadismo. Plano comum das esquerdas nos últimos anos, alçada a argumento de defesa a cada nova trama de corrupção que pulula quase diariamente.
Erundina representa este sentimento de ideologia ultrapassada, de política romantizada. A história de Erundina é exemplar. Prefeita de uma cidade do tamanho de São Paulo. Nordestina. Mulher. Um festival de minorias, tudo ao mesmo tempo. Sua carreira deve ser exaltada, foi muito mais longe do que o preconceito poderia supor.
Não me agrada o papel ao que ela se presta, no entanto, de mártir de um lado sem representante. Destes 9% que precisam de alguém para tomar as ruas de vermelho, e que não se veem representados em Haddad e em Marta, mas num segundo turno devem se aninhar a um dos dois, porque não há argumento possível para migrar voto para Russomanno ou Dória.
A esquerda agoniza, e não poderia haver melhor encenação a ser representada do que esta derradeira aliança e busca desesperada em Luiza Erundina. Seu último ato como política será um tanto patético, pelo cenário que se apresenta. Sai a vitalidade dos jovens socialistas para a teimosia dos que não largam o osso. Seria melhor, talvez, revogarem a decisão do STF. Assim o implícito não se materializaria, e o medo do fim não daria suas caras.
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Tentei ficar longe da política, não consigo. O tópico é atraente demais para ser deixado de lado. Outro ponto é que, ao contrário do que reza a sabedoria popular, política se discute, sim. Não com pedras e facas, numa batalha campal de ideologias rasas, mas com propostas, debates, análises. Aqui, começo a falar das campanhas dos candidatos à Prefeitura de São Paulo, onde moro e mais atrai à atenção os olhos do país. Num primeiro momento, vou ver as campanhas em si, se a comunicação é boa efetiva, se a mensagem agrada e dá chance ao candidato.