Há algumas semanas, uma manifestação de apoiadores do presidente Bolsonaro na Avenida Paulista foi encerrada precocemente. O motivo para a retirada foi a chegada da torcida organizada Gaviões da Fiel, do Corinthians, entoando cânticos em defesa da democracia e frases de ordem.
Esta postura enfática da torcida causou estranhamento em muita gente. Logo foram apontadas as incongruências das torcidas organizadas, levantando problemas passados, como brigas entre torcidas e até mesmo a morte do garoto Kevin Espada, vítima de um morteiro disparado em jogo na Bolívia, para tentar deslegitimar a ação, como é de praxe dos agente protetores do regime de Bolsonaro.
Pragmaticamente falando, no entanto, não há melhor entidade para tomar partido na manifestação massificada que as torcidas organizadas.
À parte a história do clube e a democracia corintiana, as torcidas organizadas provém aspectos fundamentais na luta em manifestações. Diante de um público seguidor do presidente que se organiza sob intervenção de vereadores federais e dinheiro vasto de empresários implicados em CPIs de fake news, não há outro grupo que ofereça contingente numeroso de gente forjada no combate público –não sob uma óptica positiva, diga-se–, com alto engajamento e que desperte paixões individuais que apaziguam a opinião pública. Tudo isso com uma pitada de encorajamento político de Andres Sanchez, porque tem coisa que somente é feita com estímulos definidos entre quatro paredes e sem divulgação permitida.
Artigo na edição #1 da Papo de Galo_ revista, em 05 de junho de 2020.
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