Dizem por aí que hoje em dia lê-se uma linha de um texto, e pronto!, já é suficiente para formar entendimento.
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O tema naquele ano era Cálice, de Chico Buarque.
Grupo de teatro de escola do interior de Minas Gerais em cena. Numa sala, gente refinada bebia discretamente, como tem que ser. Tanto botox que imobilizaria todos os cidadãos de uma cidade de até 10 mil habitantes. De repente, a dona da casa vira, estupefata, para o garçom.
– Minha Nossa Senhora do Caviar! Quem mandou servir nesta taça horrorosa? Já de volta agora para a cozinha!
No caminho, envergonhada, pedia desculpas a quem quer que fosse. Da sala todos ouviam os gritos:
– Cristais! Eu avisei que hoje era dia dos cristais!
Pior fez uma outra equipe de jovens artistas no Mato Grosso. Envoltos num clima de suspense, estavam todos reunidos na sala principal do antigo casarão. Bebericavam licor e conhaques, à beira da lareira, que estalava com a lenha seca. O mordomo anuncia o vinho da adega privativa da família.
No primeiro gole, o horror: era sangue!
A repulsa que sentiam era evidente. Afastavam as taças como quem via os olhos da morte. Correram os olhos pela sala e notaram estar faltando um dentre eles: Adelaide.
Começa, então, uma investigação pautada pelo mistério. O que teria ocorrido no sumiço da jovem menina?
Dizem que, no final, foi o Coronel Mostarda na cozinha com o castiçal.
Agora, se você quer saber o que é ultraje, mesmo, foi no Rio de Janeiro. Alunos do ensino médio da rede pública.
Na cena, baile rolando solto, lá vai moleque fazer a moral com a novinha. Pede o vinho na parada, só que… Trocaram o vinho por Campari. Desavisados, deram aquela golada sinistra e, surpresos, cuspiam efusivamente o líquido boca afora.
Como beber daquela bebida amarga?
Descambava prum funk, que levantou geral, que no refrão dizia assim:
Ari – a – ari, em vez do vinho era Campari.
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