Um amigo meu na semana passada me fez lembrar de uma cena de Closer, o filme. Nela, Jude Law e Natalie Portman brigam, ele se exalta e fala o que não deve. Sai do apartamento para espairecer. Quando volta para pedir desculpas, percebe que naquele instante das palavras sem controle, naquele segundo, o amor dela tinha se ido. Assim, num piscar de olhos.
Você consegue dizer exatamente quando acabou o amor, o desejo?
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Ela é bonita, bem bonita, daquele tipo que já sai dilatando minhas pupilas e redistribuindo fluxo sanguíneo. Depois de uma primeira troca de olhares que selou o acordo, fui eu curioso para saber mais sobre ela, tão linda!, que consegue apenas responder:
– Sou de Áries. Não preciso falar mais nada sobre mim, né?
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Marco de sair com uma paquera. Lindíssima, embora baixinha, tão baixinha que talvez eu ficasse com dor nas costas por conta dos meus mais de 2 metros. Passo para buscá-la. Ela entra no carro, a gente se beija. Então, prestativa e atenciosa, lança:
– Trouxe um CD do Edson e Hudson pra gente ouvir no caminho.
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Num bar qualquer desse da vida, conheço uma senhorita. A gente conversa, se beija, o beijo esquenta, e depois esquenta mais ainda. Resolvemos sair para um lugar mais tranquilo. Como estou sem carro, vamos no dela. Quando ela liga seu Ford Ka, na virada da chave o som começa com seu batuque, e ela grita em uníssono com a Joelma:
– Calypsoooooooo!
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Era a primeira vez que eu estava naquele bar. E seria a última, porque, convenhamos, né? O primo dela subiu para onde eu estava, ela queria muito me conhecer e tal. Achei estranho, afinal, por que não ELA subir, ora? Tinha caroço nesse angu. Apesar de meu melhor julgamento dizer para evitar, bondoso que sou, cedo à pressão. E lá vem ela para falar comigo. Saca do coldre já de prima um clichê língua-presado, sibilando cada “S” com reticências:
– Você vem sempre aqui?
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Bar de rock é dos meus programas preferidos. Eu com amigos, ela com amigas, em pouco tempo estávamos todos gargalhando. Diversão garantida. Que legal, poxa!, ela frequenta o mesmo lugar que eu tanto gosto! Quer dizer, não tanto quanto antes.
– A vida muda, né? Eu costumava vir muito, hoje venho MENAS vezes, bem de vez em quando.
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Como diria um amigo, que fugiu das redes sociais – que homem sábio – para nunca mais e até daqui a pouco:
Ô, DESGRÓRIA!
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