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Tito

Tito

Tito arrumou um bico: vai vender o que puder na praia. Gente por lá disposta a gastar não vai faltar. Biscoito Globo, mate, sanduíche natural, cangas, biquínis e chapéus, óculos de sol, cerveja gelada, água, Coca e suco. E mais o que aparecer.

Está desempregado há um tempo. Conseguiu uma graninha arranjada aqui e ali, montou até estoque. O menino do meio vai também para ajudar. Mulher vai junto. Três fazendo renda podem inteirar 4 meses em 20 dias, calcula.

Já começou a testar a venda. Ipanema e Leblon, de vez em quando Copacabana, lugar da gringaiada desavisada. Põe um belo trocado no bolso.

– Quê que mais sai aí, Tito?

– Canga do Pão de Açúcar. Cristo Redentor e as porra no desenho. Bonito.

A honestidade que assusta.

– Fatura nos gringo, Tito! Larga mão de ser mané. Preço é 30. Se brasileiro, real. Se gringo, dólar ou euro. É 30, sacou?

Tito vira a cara e continua seu trabalho.

Ele vê o gari limpando a rua da algazarra. Os porteiros dos prédios, os atendentes das barracas de praia. Muitos na rua, apressados, indo e vindo do trabalho.

Um grupo de voluntários passa animado, ele sorri, acena.

– Uélcome!, grita.

Viu um grupo da Força Nacional. Pediu para bater uma foto. Foi com o mate num ombro, sanduíche natural no outro.

– Força aí!, despediu-se do grupo, rindo do trocadilho.

Vê o Rio com outros olhos, o Tito. Para onde olha, vê que quase todos seguem a mesma toada: fazer o que dá, apesar de tudo.

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