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A falta de ambição

A falta de ambição

Em 2005, assistia ao Vitória estreando na Série B contra o poderoso Marília, no interior de São Paulo. Aquele time que tinha Marcelo Ramos e Alex Alves, com Renê Simões no banco, e que no fim do campeonato desceu aos porões do futebol brasileiro.

Se você não recorda, lembro: terminou 2 a 2. Já nos acréscimos, falta na intermediária para o Vitória cobrar, que poderia jogar a bola na área, última chance de conseguir os 3 pontos na bola parada, e se zagueiro tirasse, juiz encerraria a partida. Risco zero. Que fez Renê? Não mandou ninguém para a área! Eu retado gritando na TV, juiz apitou depois das troquinhas de passes infantis na lateral.

Puta que pariu a falta de ambição!

Por que lembro disso? Pra falar do jogo do Luziânia e tentar entender quem estará em campo hoje contra o brioso e rubro América de Natal.

Já com 1 a 0 no placar, o Vitória desistiu de jogar. Colocou o regulamento de baixo do braço, resolveu se poupar.

Agora, pelo sol que me alumeia, pelo ar que me inpireia e pelo som que me ouveia, POUPAR O QUÊ?

Era, apenas, o quinto jogo da temporada. Time não entrosado, ainda tentando se encontrar. Seria a oportunidade perfeita, dado o resultado garantido e a fraqueza do adversário, para treinar jogadas, reserva aparecer, e garantir resultado maior para agradar a torcida, afinal, tinham tomado 4 do frequentador de série C da Paraíba. O tal “ganhar ritmo de jogo” de que todo mundo do meio fala. Mas, não. Kieza viveu de toquinho de lado, Dátolo entrou para não machucar, David continuou sua soneca de sempre, Paulinho virou defensor para fechar a segunda linha de quatro da defesa, e todo mundo se deu por satisfeito.

Puta que pariu a falta de ambição!

Me lembrou o time de 2005. Aquele que foi campeão baiano invicto e caiu de divisão. Que achava que o time era excelente, e que, quando quisesse, ganharia. Não gosto de salto alto, e abomino a falta de sangue nos olhos e vontade de vencer. Talvez não tenhamos o final que tivemos então, mas espero que ao subir hoje a ribanceira rumo ao Barradão, técnico e jogadores se sintam compelidos a mostrar futebol e entrem num outro ritmo.

Até porque, meus caros, entrar de salto alto em campo esburacado é pedir pra cair e torcer o pé.

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