A maior crítica aos campeonatos de pontos corridos é a falta de emoção. Que tudo se define antes, que perde a graça. Não poderiam estar mais errados. Tranquilize-se, pois não vou discorrer sobre aspectos financeiros e de planejamento, porque isso seria dar razão aos críticos. É na pretensa falta de emoção que mora a falácia dos que evitam enxergar o óbvio.
A tal emoção, muito mais do que o jogo final em si, se constrói na expectativa pelo grande jogo. Uma final de campeonato tem sua aura pela espera, aquela ansiedade do grande momento. É o momento que tudo se define! Pois, então, foquemos neste argumento, em particular e me diga:
Foi final aquele Corinthians e Grêmio em Porto Alegre ainda no primeiro turno, quando ambas as equipes faziam campanha fantásticas, e o timão sapecou 1 a 0 calando a Arena no Sul?
Não foi uma final de campeonato aquele Ponte Preta e Vitória em Campinas, com direito a virada baiana aos 39 minutos do segundo tempo, decretando a queda da macaca?
Teria sido uma final para o Vasco o peleja contra a Ponte Preta já rebaixada na última rodada, vencendo com pênalti perdido que poderia matar o jogo e carimbando o passaporte à Libertadores?
Ou ainda mais, para o Flamengo, que se viu ameaçado, mas que com gol de pênalti aos 50 minutos do segundo tempo do contestado Diego abraçou a redenção na busca pela América em 2018?
Pergunte ao torcedor do Sport, que viu sua briosa equipe vencer os últimos três duelos e escapar na bacia das almas, apesar do esforço hercúleo que fez para ser rebaixado quando contratou Vanderlei Luxemburgo, se houve emoção.
O mesmo vale para o são-paulino, que encarou cada duelo no Morumbi como o decisivo, como crucial, como o redentor.
Viaje a Chapecó veja no rosto de cada cidadão que se veste de verde e branco neste dia se ontem não foi uma verdadeira final, com direito a heroísmo no apagar das luzes, sacramentando a vaga à Libertadores de uma equipe maior do que ela, que refez todo seu elenco, trocou técnico, e mesmo assim lá chegou.
Gol condá que reverberou em Salvador e salvou o rubro-negro baiano do rebaixamento quase certo com o pênalti infantil que por segundos ainda seria cobrado, e que por mais um tempo, aquela eternidade do vácuo de informação entre o gol contra recebido, a torcida morreu e renasceu na confirmação.
E não teria sido aquele Palmeiras e Corinthians em Itaquera uma estonteante final? O líder em queda, o grande rival em crescimento, 5 pontos de diferença, podendo despencar para 2 e momentos tão díspares no certame… O agora campeão brasileiro venceu, convenceu e depois a taça ergueu.
Rebobine a fita da memória, reveja os lances, analise as situações, pondere prós e contras e chegue à única conclusão possível: neste campeonato de pontos corridos o que não faltou foi emoção.
Até 2018!
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