O Ibope de ontem, 18 de setembro, vaticinou aquilo que já tinha sido colocado aqui nesta tribuna: Bolsonaro e Haddad estão garantidos no segundo turno. Se há mais tempo Alckmin e Marina desidrataram, Ciro ficou para trás da máquina petista neste último levantamento.
Tabela pesquisas Ibope
Presidente 2018 | 05/set | 11/set | 18/set |
Bolsonaro | 22% | 26% | 28% |
Haddad | 6% | 8% | 19% |
Ciro | 12% | 11% | 11% |
Alckmin | 9% | 9% | 7% |
Marina | 12% | 9% | 6% |
Outros | 11% | 11% | 7% |
Brancos e nulos | 21% | 19% | 14% |
Não sabem | 7% | 7% | 7% |
O resultado não pode, de maneira alguma, ser encarado como surpresa. Primeiro, com base em números: Lula chegou a bater em 39% nas intenções de votos, enquanto cerca de 64% destes indicaram votar no candidato apoiado por Lula. Ou seja: o piso de Haddad é, em teoria, 25%.
Segundo, por uma questão de narrativa.
Por parte de Bolsonaro, ele se valeu do sentimento antipetista e anticorrupção que varreu o Brasil. Posicionou-se como a opção radical, dando vez a emoções à flor da pele, que passaram a se ver, finalmente, num candidato.
Do outro lado, não é exagero dizer que o impeachment ressuscitou o PT. Ofereceu uma narrativa forte, pautada pelo argumento do golpe. A cereja do bolo foi o processo judicial contra Lula. Ali fechou-se o ciclo que alimenta a militância e sua posição de perseguição.
Assim, o que Bolsonaro e Haddad oferecem é, acima de tudo, uma história. E quem é capaz de contar uma boa história – uma que faça sentido, pelo menos –, larga na frente dos outros.
Adicionalmente, é interessante observar como o comedimento, a via do meio se esvaiu por não conseguir emplacar uma narrativa. Em outros períodos em que os ânimos estavam em temperatura mais amena, a própria ‘serenidade’ do centro era capaz de atrair votos, mesmo sem um enredo mais robusto.
Em política, no fim, nos alinhamos com aqueles que estão mais próximos de nossas emoções. Quem conseguir capturar o que está no ar, leva vantagem. E hoje temos um país absolutamente dividido. Impossível hoje dizer como vai caminhar o segundo turno. Apenas, por certo, de que teremos um gigantesco desafio como cidadãos. Talvez hercúleo, para não deixarmos nossa democracia desandar, seja quem for eleito.