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A importância do apoio ao produtor independente de conteúdo

A importância do apoio ao produtor independente de conteúdo

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Eu escrevo muito. É trabalho, afinal. Todo dia, invariavelmente. As ideias vão surgindo, projetos são pensados, pensamentos são organizados e vou vendo o que dá pra fazer e vambora, no limite do possível.

Eu, apesar de ter organizado as vaquinhas virtuais de assinatura, essas de doação recorrente, nunca as divulguei. Sei lá por quê. Só saem na revista. E é totalmente da decisão de quem me acompanha doar ou não. Depende da vontade, do coração. E sem ganho: com ou sem contribuição, vai vir sempre coisa nova.

Ou melhor, sei por quê não divulguei: pedir dinheiro é foda. Quem pede não se sente nada bem. Dói no fundo da alma. Quem está pedindo faz isso a contragosto, faz porque precisa, com certeza preferia estar produzindo, fazendo literalmente
qualquer outra coisa.

Quem batalha gerando conteúdo de qualidade sofre. Porque é complicado monetizar a parada, parceiro. Quem produz conteúdo de qualidade, faz por amor, pelo esporte, faz porque não tem jeito. Se não fizer, morre um pedaço da alma.

E aí toque equilibrar os pratos, segurar as pontas, buscar emprego, jornada dupla, tripla, o que dá, porque a vida continua e os boletos chegam, e códigos de barras não aceitam visibilidade como pagamento.

Pode ter certeza: quem tá ralando fazendo arte e conteúdo por aí está ou sempre no limite da exaustão absoluta e/ou morre de medo das contas que vão chegar. É correr atrás o tempo todo. Descanso é luxo. Dissonância cognitiva ativa enquanto respira, “que diabos eu tô fazendo?”

É muito mais fácil viver a vida normal. Sem dose extra cavalar de hater, encheção, puxada de tapete, chilique de quem acha que pode definir o que, como, quando, quanto, quem e por quê você pode falar e tratar.

Mas como eu disse antes: parar não é opção pra quem tá na lida. Não é hobby, saca? E é destruidor ouvir alguém falar que é.

Não é uma onda passageira. Acontece com quem produz conteúdo à vera: se parar, fica perdido. É um vazio existencial. Pra estes abnegados, só se pode viver em sua plenitude fazendo o que faz. E não adianta viver pela metade.

Vai ser sofrido, isso é dado. Mas e aí, como faz? É compreender a barca, conhecendo ferramentas e testando-as, rezando pra no meio do caminho algo vingar e ir tocando em frente.

Algo há de vir. O primeiro passo é sempre o mais difícil.

Recentemente, recebi 2 contribuições nas vaquinhas. Uma no Apoia.se e outra direto na conta. E deixa eu falar uma coisa: é uma honra.

Porque pode parecer pouco. Mas quando alguém decide tirar algo do próprio bolso e ajuda, sem obrigação, sem ganho adicional direto, é um gesto muito bonito, valioso, generoso. Uma apreciação pelo trabalho que se faz.

Elogio é fundamental pra autoestima, visibilidade é argumento de pilantra mal intencionado, mas um valorzinho em dinheiro chegando é a verificação real de que o trabalho tem valor, é tangível, mensurável, “olha aqui, tá na conta.”

Pra quem produz, cria-se uma obrigação. Véi: tem assinante. Aconteça o que acontecer, tem que dar a moral. Gratidão, bicho. Nem que seja um real, o número é irrelevante: é o gesto que importa. E na luta contra a negativação, cada centavo vale ouro.

Acredite: custa muito produzir. Não apenas tempo, mas dinheiro. Um equipamento que dê conta, gente que cola junto no esforço e que tem que ser remunerada pelo trabalho, gastos de manutenção, psicanálise pra lidar com a complicação maior…

Duas pessoas hoje são assinantes do que faço. Não é pouco: no meu caso, a luz e o gás estão garantidos. Sabe o que é isso? É um tanto mais de tranquilidade. Nos dias de hoje, sossego é dádiva. Duas pessoas tiraram do bolso deles pra pagar minhas contas, porque sim. Entende o que é isso?

Entende o poder que isso tem?

Então, se você gosta do conteúdo que alguém produz, texto, revista, podcast, música, vídeo, o que for, e tiver como ajudar, ajude. Não só em $ (mas se sim, melhor). Curta, comente, divulgue. Pode parecer que não vai fazer diferença, mas faz. Muita.

Essa sua doação faz com que outra pessoa viva, e esse viver significa estar em sua plenitude de ser no mundo. E quem recebe se sente em dívida eterna de gratidão.

O link da minha vaquinha no Apoia.se está no botão abaixo. Não tem recompensa nem interferência: o que faço e publico é de graça, sempre. (exceto livros, porque, né?, vamos com calma.). Mas a ajuda faz com que surjam cada vez mais novos projetos.

Então, a pergunta que resta é: me paga um café por mês?


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