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Casos de Covid-19 do RJ escancaram o perigo do retorno do futebol

Casos de Covid-19 do RJ escancaram o perigo do retorno do futebol

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Neste domingo (31), o Vasco da Gama confirmou que 16 atletas profissionais testaram positivo para a Covid-19, além de outros três jogadores que também contraíram o vírus, mas já se curaram. Apesar da situação preocupante, o Vasco é um dos maiores incentivadores do retorno do futebol no Rio de Janeiro nos bastidores.

O mesmo ocorre com o Flamengo, que no mês passado registrou 38 casos entre seus funcionários, incluindo três joga-dores. Apesar disso, o clube segue treinando em campo e também é um dos grandes clubes do Rio favoráveis à reto-mada do estadual, que deve ser discutida nos próximos dias.

O simples fato de ter atletas diagnosticados com a doença deveria ser suficiente para que esses times não incentivassem o retorno das atividades. Ainda que não houvesse nenhum caso nos clubes, basta olhar para a situação no Rio de Janeiro, segundo estado mais afetado pela crise no país: são mais de 50 mil casos e um número de óbitos superior ao da China.

São números assustadores, que escancaram o real perigo da retomada do futebol. Parece muito precoce e irresponsável discutir o retorno dos campeonatos enquanto a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) declara que o Brasil ainda não atingiu o pico da doença.

Além disso, é preciso pensar nos torcedores. Muitos deles estão enfrentando a doença de alguma forma, seja lutando pela recuperação, seja na linha de frente no combate ao vírus. O momento é de união em torno de uma causa mais séria, e não de retomada do futebol.

Se depender da grande maioria dos clubes cariocas, o campeonato estadual será retomado em breve. A própria Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) parece estar disposta a estabelecer um protocolo para a volta da competição. Porém, deve haver uma forte queda de braço, já que Botafogo e Fluminense são contrários ao retorno. O posicionamento dos dois clubes é um grande alento num momento em que os demais parecem caminhar para uma decisão controversa e irresponsável.

Por que na Europa os campeonatos estão voltando?

O argumento daqueles favoráveis ao retorno dos campeonatos é a comparação com a Europa, que aos poucos começa a retomar suas atividades. Porém, é necessário comparar também a situação da pandemia no continente.

Embora tenha sido o epicentro do Coronavírus por muito tempo, a Europa dá mostras de retração na curva de contágio. A Espanha, que confirmou o retorno de seu campeonato para o dia 11 de junho, registrou recentemente seu primeiro dia sem nenhuma morte por Covid-19, além do segundo dia seguido com menos de 100 casos diagnosticados. O mesmo aconteceu na Alemanha, que já reiniciou sua liga, e outros países como Inglaterra, Itália e Portugal.

A Europa, portanto, está em uma fase de declínio de contágios e morte. O Brasil, no entanto, ainda não atingiu esse patamar e está enfrentando dias duríssimos nos hospitais. A realidade por aqui é completamente diferente, e isso explica por que não se deve discutir o retorno dos campeonatos nesse momento, mesmo com portões fechados.

Covid no futebol: Situação em outros estados

No Rio Grande do Sul, Grêmio e Internacional retomaram as atividades no mês passado, apesar de casos confirmados de Covid-19: Diego Souza, atacante do time tricolor, contraiu a doença. O mesmo aconteceu com os presidentes Romildo Bolzan Jr., do Grêmio, e Marcelo Medeiros, do Inter. Em Minas Gerais, os clubes também treinam em campo, e o roteiro é parecido: o meia equatoriano Juan Cazares, do Atlético-MG, foi diagnosticado com o novo coronavírus.

Em São Paulo os clubes parecem mais receosos em relação ao retorno aos treinos e, consequentemente, às competições. Há uma união entre todas as agremiações e a federação, que parecem estar em sintonia com as autoridades sobre não apressar o retorno do campeonato.

O futebol é uma das riquezas de nosso país e certamente faz muita falta a seus torcedores. No entanto, precisamos compreender que há uma luta maior em curso. Isso tudo passará na medida em que tomarmos decisões com responsabilidade, colocando a saúde como prioridade.


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