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Dória e a Síndrome de Estocolmo

Dória e a Síndrome de Estocolmo

Peço encarecidamente que façamos uma breve viagem no tempo. Mais precisamente, para os dias 03 e 13 de maio deste mesmo ano de 2017. Para quando algo me provocou muita inquietude, que agora compartilho com vocês.

No dia 03 de maio ocorreu o fatídico e criminoso ataque de um GCM ao um morador de rua na cidade de São Paulo. Na cena, a barbárie tomou abrigo na figura do bandido de farda, que abusando absurdamente de sua “autoridade”, quebrou a mão do morador. A GCM prometeu “apurar” os fatos, como se houvesse dúvida depois do vídeo, e já comentei anteriormente, esta é não mais do que uma artimanha para se ganhar tempo e deixa que se esqueça do caso. Nessa toada, um criminoso está aí rondando as ruas de SP, vestindo o uniforme azul de “seu guarda”. Crime patrocinado pelo estado.

Esta atrocidade se fez possível porque o prefeito João Dória Jr revogou um parágrafo de certa lei municipal que proibia a subtração dos pertences de moradores de rua. Se me perguntarem, trata-se de roubo com chancela do estado, disfarçado de lei. Mas, ei!, por que questionar se o prefeitão fica tão bem nos vídeos que posta? Quem há de questionar aquele que personifica a salvação da política nacional?

Ainda assim, não é o mais grave.

10 dias depois, Dória anunciou que a partir de hoje, 25 de maio, seriam doados 20 mil cobertores a moradores de rua, com o carinho e o amor da Sra. Magazine Luiza.

Agora, aqui, meu amigo, ultrapassa-se o limite da maldade.

Porque aquilo a que se propôs o prefeito é inacreditavelmente perverso.

Entenda: um primeiro momento, autoriza que os pertences sejam retirados à força de seus donos; num segundo momento, ele posa de bom moço, entregando doações que incluem uma parte daquilo que foi usurpado?

Se eu bem entendi – e, sinceramente, não vejo outra forma de enxergar –, ele atua como certos advogados, que criam problemas para propor soluções. E ainda com bandeira de uma marca amiga!

Só que não.

Este ato de Dória se assemelha à Síndrome de Estocolmo. Ele retira na força para doar depois como agente da bondade, garantindo apreço de tantos.

Aí, meus caros, inaugura-se uma nova vertente de maldade dentro da maior prefeitura do país.

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