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Duas coisas que aprendi com a morte de Teori

Duas coisas que aprendi com a morte de Teori

1. De acordo com o senso comum, a morte chega apenas a quem não convém. Se convém a alguém, pode apenas ser assassinato.

2. Até para teoria da conspiração somos uma república de bananas. Veja bem: parecem todos terem certeza de que sabotaram o voo do agora ex-Ministro relator da Lava-Jato, que em breve homologaria a delação de Marcelo Odebrecht. Segundo esta “lógica” (com aspas mesmo, porque a coisa é braba), Emiliano foi o efeito colateral, o álibi perfeito, e quem quer matar alguém coloca o empresário na lista de danos marginais. Pois muito bem. Percebam como somos estúpidos até mesmo em se tratando de rede de ataque. Vamos no compasso da cadeia de influência:

i. Marcelo Odebrecht continua vivo. Se queriam interromper a bagaça, bastaria matar o herdeiro da construtora e assunto encerrado. Pronto, assunto encerrado. Mas não foi isso que aconteceu.

ii. Os investigadores da PF e promotores continuam vivos. Se queriam provocar abalos na investigação, seriamente acuando os que apuram os fatos, poderiam seguir essa linha e assistir a ação perdendo força. Mas não foi isso que aconteceu.

iii. Sergio Moro continua vivo. O Juiz que recebe as investigações e promove as sentenças e recomendações, inclusive aquelas que caem no colo do STF. Se ele não estivesse mais vivo, assunto já estaria quase inteiramente resolvido. Mas não foi isso que aconteceu.

O que aconteceu foi…

iv. Mataram o último elo da cadeia. Com a morte do Ministro, o delator CONTINUA atirando; a delação CONTINUA viva; os investigadores CONTINUAM apurando; o Juiz CONTINUA acatando. Mas decidiram que o elo forte era o Teori, mesmo com o processo podendo cair no colo do Celso de Mello, por exemplo. Justamente aquele que, morrendo, NÃO ACABA a Lava-Jato. Como somos uns imbecis até em formular teoria da conspiração…

Resolveram como certo que mataram o homem para que o problema principal NÃO FOSSE resolvido.

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