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Eleições de 2018 serão redefinidoras e similares às de 1989

Eleições de 2018 serão redefinidoras e similares às de 1989

Nas eleições de 1989, as primeiras que elegeriam o presidente por meio do voto direto, foram para a cédula nada menos de 22 nomes de candidatos. Vivia-se, então, a novidade da tal democracia. O balanço de poder não estava claro. As influências políticas estavam sendo definidas, muitos partidos tinham sido criados desde a abertura de Figueiredo, em 1985.

O que se viu, no fim, foi um festival de nomes que diluíram votos aos montes. Obtiveram mais de 1% dos votos oito dos surreais 22 candidatos. Pela ordem: Collor (PRN), Lula (PT), Brizola (PDT), Covas (PSDB), Maluf (PDS), Afif (PL), Ulysses Guimarães (PMDB) e Roberto Freire (PCB). Mais abaixo, ainda havia nomes como Ronaldo Caiado, Enéas e Gabeira. Muita gente. E não, Sílvio Santos não foi candidato, apenas pré.

O cenário montado para 2018 apresenta partidos novos sendo criados, muitos mudando de nome – mas os mesmos em essência. Há, consequentemente, uma nova estrutura de poder sendo formada no Congresso, especialmente pelos impactos de ações na (ora passiva, agora ativa) Justiça.

Esta nova composição de poder refaz os equilíbrios e abala as alianças históricas. Embaralha as cartas e faz com que muitos tenham que começar do zero.

Assim, há a possibilidade de termos muitos candidatos distribuindo votos nas mesmas eleições, com coligações mais enxutas e muita disputa por poder. Nomes são lançados para verificar se “colam”, enquanto outros já se dizem candidatos.

Temos na disputa nomes fortes para o ano que vem, destacando-se Lula (se puder ser candidato pelo PT; se não, Haddad ou Jaques Wagner ou ainda Ciro Gomes, do PDT, que vai se afastando da cúpula petista testando viabilidade de voo solo), Marina (Rede), Bolsonaro (PEN), Doria (DEM ou PMDB), Alckmin (PSDB), Meirelles (PSD), Eduardo Jorge (PV), Joaquim Barbosa (?).

De uma tacada só, são pelo menos dez os nomes capazes de atrair uma quantidade de votos relevante na disputa – ressalva feita a Joaquim Barbosa, oficialmente nunca candidato e sem qualquer filiação política, mas com alta intenção de voto em pesquisas.

No jogo de tabuleiro já há muito tempo em aberto está sendo testado o poder de cada partido em se lançar à Presidência. O raciocínio é simplório: se não há nome muito forte, qualquer nome tem espaço para crescer.

Algumas destas candidaturas serão blefes que podem ser incorporados por outros. Por exemplo, conseguirá alguém trazer Joaquim Barbosa para dentro de sua campanha? Doria e Alckmin vão se acertar? E o PMDB, vai de candidato próprio ou se filia a um nome mais forte para depois tramar sua deposição? Luciano Huck será para essa geração o que Silvio Santos foi em 1989? Ainda há muitas incógnitas.

Balançamos, no entanto, numa gangorra constante em Brasília. A sensação que temos é a de que estamos sempre entrando no jardim de infância da democracia, num efeito de dia da marmota que dura cerca de 30 anos, recorrentemente.

Quando imaginamos que vamos passar para a nova fase da vida, somos puxados de volta para começar tudo do zero. Direto do túnel do tempo, percebemos, atônitos, termos regressado 28 anos. Repetimos o comportamento de 1989, com discursos extremados, um Congresso maculado e reestruturado, novos partidos, muitos pré-candidatos, a rediviva falácia direita x esquerda. Tudo isso apimentado por um moralismo popular pudico e tosco, porque existente só da porta para fora.

Nesta celeuma, qualquer um que tomar posse deverá ter já como prioridade maior unificar o Congresso numa tentativa de garantir a governabilidade. Lembremos, no entanto, que os efeitos da eleição de Collor foram catastróficos para o País. Torçamos para que o mesmo não se dê a partir de 2019.

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Artigo publicado também no HuffPost Brasil.

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