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O homem carne

O homem carne

carne, churrasco, fogo,

Atendimento é interagir com gente de toda espécie. Uma arte. Este é um causo verídico, fruto das terças-feiras à noite da minha vida de barraqueiro de comida japonesa no Shopping D, em São Paulo.


O rapaz chegou alegre na barraca, copo de chopp na mão. Na vitrine, temakis, niguiris, hot rolls, yakissoba, tempurá, poke. Vitrine vende que é uma beleza, mas não pra ele.

— Não como nada cru.

Não teve “oi”, não teve “tudo bem?”. Corte seco, papo reto. Tentei:

— Mas nós temos salmão grelhado! E tem shimeji também, além de…

— É que eu não como peixe.

— Não seja por isso! Temos tempurá de legumes, temos yakissoba, podemos fazer Califórnia e…

— É que pra falar a verdade, eu não sou muito fã dessa comida aí, não.”

Essa comida aí.

Virei tanto os olhos que me vi por dentro. Ele continua:

— Meu negócio é carne!

Ainda procurei saída honrosa:

— Opa! Ali na frente tem o pessoal do espetinho. Pode ir na fé que é bom!

Recebo, então, o fatality da figura.

— Ah, é que eu já jantei. Nem tô com fome.

Camarada só queria contar pra todo mundo que o negócio dele é carne. Sem filtro, não importa a quem. Carne define o ser humano.

Sem se despedir, deu as costas, um gole no chopp e sumiu no meio da multidão.


Crônica originalmente escrita em 22 de maio de 2019, no meu perfil pessoal no Facebook.


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