A corrida ao Palácio do Planalto nestas eleições 2018 a cada dia aumenta seu nível de pulverização de candidaturas, num cenário análogo ao de 1989. O conceito de antanho é o mesmo do atual: numa redefinição de forças, qualquer um calcula ter uma chance. Não podemos deixar de levar em consideração, no entanto, que as incipientes coligações tornaram-se elemento central da vitória no pleito. Como contexto, nas primeiras eleições diretas pós-Ditadura convivíamos com a imaturidade do processo partidário. Até pouco tempo antes havia tão somente 2 partidos. Não havia, portanto, histórico de alianças a serem construídas e evoluídas. Desde então, houve a profissionalização do que se pautou chamar de governabilidade: a necessidade de se construir uma ampla base aliada para fazer andar os projetos de governo.
Neste ano de 2018, a impressão que se tem é a de que todo mundo é candidato. O ex-Ministro de Lula e de Temer, Henrique Meirelles se filiou ao PMDB. Seu nome já vem sendo testado há muito tempo nas pesquisas, sem decolar – e dificilmente haverá de. O próprio Michel Temer (PMDB) já declarou poder se candidatar. Rodrigo Maia (DEM), por sua vez, já se lançou oficialmente. Marina (Rede) se prepara para a terceira campanha. Lula ainda é o plano A – e talvez único – do PT, mesmo com sua prisão. Joaquim Barbosa jogou gasolina na fogueira ao confirmar sua entrada no PSB. Ciro Gomes é a cara do PDT. Seguindo na linha fragmentada da esquerda, Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PCdoB) estão em ativa campanha, embora refinem o discurso de unificação. Mais à direita, Jair Bolsonaro (PSL) é o exagero com quem ninguém quer se aliar. Alvaro Dias (Podemos), um dos primeiros confirmados como pré-candidato, prometeu espaço ao evangélico PRB como vice de sua chapa. Geraldo Alckmin superou os entreveros com o seu uma vez protegido João Dória para se confirmar o cabeça de chapa do PSDB e se tornar o queridinho do mercado. João Amoedo (Novo) é o pequeno que vem apenas para fazer crescer a base do partido. Até mesmo o ex-Presidente Collor quer seu lugar na festa. Isto sem contar os nanicos PCO, PRTB, PSDC e afins, que repetidamente lançam nome caricatos, fazendo valer a mamata do Fundo Partidário.
Mas, afinal, o que significa haver tantos pré-candidatos?
A formação de coligações ganhou status de necessidade-mor para a governabilidade. Os governos Lula tinham controle quase total do Congresso, chegando a colossais mais de 78% da Câmara (402 deputados de 513) em 2010. Este ativo fez valer a eleição de Dilma em 2 mandatos – que se perdeu pela inaptidão da presidente para lidar com a base aliada, mais fiel a Lula que ao PT. PMDB e PSDB ensaiam reatar namoro na esfera Federal há meses.
(Importante lembrar de premissa básica da organização política nacional: não existe governo sem o PMDB.)
Acordos de parceria estão rodando a todo vapor em Brasília, num balcão de negócios de coligações para as eleições 2018. Ensinamento básico de Economia: há muita demanda por coligados e quase nenhuma oferta, o que eleva o preço substancialmente. Assim, aproveitando-se de um cenário fragmentado, mesmo os menores partidos assumem relevância inesperada.
O surgimento de nomes que consolidem votação significativa ajudaria a inverter a lógica mercadológica. Este efeito aumentaria a oferta e o poder de barganha do concentrador de votos. Como este fenômeno ainda não ocorreu (considerando Lula fora do páreo e Bolsonaro como pária pelos seus próprios companheiros de profissão política), a estratégia de quase todos é a de insistir em testar nomes. Exemplo emblemático desta prática foi a inclusão de Luciano Huck na pauta, já descartado. Desta maneira, quem primeiro obtiver mais apelo sai na frente na atração de coligados a um custo menos exorbitante.
Na balança do toma-lá-dá-cá em Brasília, a ordem é equilibrar 6 itens, a saber: potencial de votos, tempo adicionado para propaganda (e proporcional pujança financeira), custo de entrega (poder atribuído ao coligado), alinhamento ideológico, risco de imagem e qualidade do palanque estadual. Para todo mundo, esta equação ainda é nebulosa e sem resposta. Com isso, resta, apenas, o esforço de cada partido para valorizar o passe no afã de conseguir um pedaço maior do bolo, sem a necessidade, consequentemente, de se efetivar postulante ao cargo máximo do executivo político nacional.