Lendo agora
Porta Elisa, Itália

Porta Elisa, Itália

Porta Elisa, Lucca, Itália, WWII, Papo de Galo, revista, Gabriel Galo
mapa, Itália,

Um dos mais conhecidos frontes de batalha da Segunda Guerra Mundial, pelo menos para os brasileiros, foi o que entrou para a história como Campanha da Itália. A relação do Brasil com a campanha remete aos pracinhas, enviados para lutar na guerra em território italiano. A estratégia dos aliados era invadir o Reino da Itália ao sul, pela Sicília, e ir escalando o território ao norte.

Tropas formadas por Estados Unidos, Inglaterra e Canadá chegaram à Sicília em 10 de julho de 1943. Em 3 de setembro de 1943, os aliados chegaram à Itália continental. No mesmo dia foi assinado secretamente o Armistício de Cassibile, tornado público em 8 de setembro de 1943. No acordo, a Itália se rendia incondicionalmente aos aliados.

Mas Hitler sabia da importância de proteger o território italiano, evitando que forças inimigas chegassem pelo sul e conseguissem acessar os Balcãs, fonte de recursos primordiais como petróleo, bauxita e cobre. E o fez mesmo sem a participação italiana, delegando o comando ao marechal de campo Albert Kesselring.

Ao sul de Roma, uma linha natural de defesa auxiliava os alemães: as montanhas dos Apeninos. Mas havia uma linha de proteção que ficou conhecida mundialmente como Linha Gustav. Esta, juntamente com as Linhas Bernhardt e Hitler, formavam a Linha de Inverno. As linhas alemãs eram zonas de proteção altamente militarizadas, difíceis de serem ultrapassadas.

Somente em maio de 1944 as linhas de defesa alemãs foram vencidas, sendo as tropas reforçadas por franceses e poloneses. No dia 4 de junho de 1944, as forças aliadas ocuparam Roma. Mas ainda era necessário avançar ao norte, rumo à Toscana, onde fica Lucca, e à Europa Central.

Os Apeninos permaneciam como obstáculo de avanço para os aliados, devido à geografia montanhosa desconhecida para eles. Em setembro de 1944, os aliados chegaram a Lucca.

Há muitos registros fotográficos da presença aliada na cidade.

Porta Elisa, Lucca, Itália, WWII
Foto aérea de Lucca, 1944.


Lucca, Itália, WWII, guerra,

Quem detalha a implantação de hospitais de campanha em Lucca é a historiadora Barbara Tomblin. Em seu livro “G.I. Nightingales: The Army Nurse Corps in World War II”, ela escreve na página 115:

Enquanto diversos  hospitais do exército foram servir no sul da França, outros, como o 94° Evac, continuaram a cuidar dos feridos nos últimos e menos conhecidos lugares na Campanha da Itália. Depois de Florença ter sido tomada pelas forças aliadas, o 94° seguiu para Pratalino, a cerca de 13 quilômetros ao norte da cidade, para se instalar nos prédios de um sanatório italiano; “severamente depredado por artilharias e pequenas armas de fogo, metade das janelas estava quebrada e o prédio estava cheio de entulho”. Durante o mês seguinte, o 94° cuidou de 3.995 pacientes, 71% deles precisaram de cirurgia. De acordo com o relatório anual do hospital, “este período de 32 dias foi o mais atarefado do hospital, excedendo até mesmo a estada em Anzio1.

Alguns hospitais de evacuação2 durante essa fase encontraram sede incomuns. Por exemplo, o 170° Evac se instalou num estádio de futebol em Lucca, Itália, em 24 de novembro de 1944. Eles estavam ansiosos em deixar o local anterior próximo a Viareggio, que estava dentro da alça de mira de armas alemães, e “em uma ocasião, uma bomba atingiu a área do hospital, matando um paciente instantaneamente e ferindo 2 funcionários do hospital.” Em Lucca, o 170° se instalou em barracas no campo de futebol, onde permaneceram por cinco meses, cuidando de uma variedade de pacientes, desde feridos em batalha, até malária, hepatite, doenças venéreas e casos de pé de trincheira3, num total de 4.931 pacientes.

1. Anzio ficava ao sul de Roma, à beira da Linha de Inverno, a mais bem protegida linha de defesa do Eixo em território italiano.
2. Hospitais de campanha tinham 2 tipos. O de evacuação era normalmente maior e ficava mais afastado do campo de batalha.
3. Pé de trincheira é uma doença causada por longa exposição do pé à lama, sujeira e frio.

Lucchese, Porta Elisa, Lucca, Itália, futebol, distintivo, escudo,

O estádio em questão é o Porta Elisa. Construído em 1935, é casa da Lucchese 1905, time que perambula na Serie D, espécie de primeira divisão da liga amadora italiana. O acanhado estádio comporta apenas 7.386 espectadores.

Depois da Segunda Guerra Mundial, o estádio voltou a ser destinado apenas ao futebol. E o time da casa viveu breve glória. Fez sua última participação na Serie A na temporada 1951-1952, quando terminou o campeonato vencido pela Juventus empatada com a Triestina em 17° colocação entre 20 participantes. Como o 17° colocado disputaria a permanência na Serie contra o vice-campeão da segunda divisão, Lucchese e Triestina se enfrentaram pro para desempate. O primeiro jogo, disputado em Bergamo, terminou empatado em 3 a 3, mas foi anulado. Uma segunda partida foi agendada, que terminou com vitória da Triestina por 1 a 0. No fim, a Triestina bateu também o Brescia por 1 a 0, e ficou na Serie A para a temporada seguinte, que seria composta por 18 times.

Porta Elisa, Lucca, Itália, estádio, Papo de Galo, revista,

Esta é a parte 4 de 8 de matéria publicada com exclusividade na Papo de Galo_ revista #5. (Páginas 20-24)

_ HOSPITAIS DE CAMPANHA

hospital de campanha, hospitais de campanha, Gabriel Galo, Papo de Galo
por que estádios, hospital de campanha, Pacaembu, futebol, esporte,

hospitais de campanha, hospital de campanha, Papo de Galo, Papo de Galo_ revista, capa, Gabriel Galo,
Capa da edição #5 da Papo de Galo_ revista sobre hospitais de campanha em estádios esportivos.

Assine nossa newsletter!

Conteúdo exclusivo e 100% autoral, direto no seu email.


Apoie!

Antes de você sair…. Tudo o que você lê, ouve e assiste aqui no Papo de Galo é essencialmente grátis. Inclusive o que escreve em outros lugares vêm pra cá, sem paywall. Mas vem muito mais pela frente! Os planos para criar cada vez mais conteúdo exclusivo e 100% autoral são muitos: a Papo de Galo_ revista é só o primeiro passo. Vem por aí podcasts, vídeos, séries… não há limites para o que pode ser feito! Mas para isso eu preciso muito de sua ajuda.

Você pode contribuir de diversas maneiras. O mais rápido e simples: assinando a nossa newsletter. Isso abre a porta pra gente chegar diretamente até você, sem cliques adicionais. Tem mais. Você pode compartilhar este artigo com seus amigos, por exemplo. É fácil, e os botões estão logo aqui abaixo. Você também pode seguir a gente nas redes sociais (no Facebook AQUI e AQUI, no Instagram AQUI e AQUI e, principalmente, no Twitter, minha rede social favorita, AQUI). Mais do que seguir, participe dos debates, comentando, compartilhando, convidando outras pessoas. Com isso, o que a gente faz aqui ganha mais alcance, mais visibilidade. Ah! E meus livros estão na Amazon, esperando seu Kindle pra ser baixado.

Mas tem algo ainda mais poderoso. Se você gosta do que eu escrevo, você pode contribuir com uma quantia que puder e não vá lhe fazer falta. Estas pequenas doações muito ajudam a todos nós e cria um compromisso de permanecer produzindo, sem abrir mão da qualidade e da postura firme nos nossos ideais. Com isso, você incentiva a mídia independente e se torna apoiador do pequeno produtor de informações. E eu agradeço imensamente. Aqui você acessa e apoia minha vaquinha virtual no no Apoia.se.


Ver Comentários (0)

Deixe um comentário

Seu e-mail jamais será publicado.

© Papo de Galo, desde 2009. Gabriel Galo, desde 1982.