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Vitória 121 anos de saudades

Vitória 121 anos de saudades

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Feliz aniversário, Vitória, 121 anos!

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Desde que eu me entendo por gente, no quando as memórias começam a serem guardadas, seu manto e seu canto estão ali. Sabe quando a lembrança de criança deixa de ser espalhamento e se torna coesão? Você está lá.

Na confusão da mente que no passar dos anos embaralha as datas, a primeira que é nítida desenha meu pai sendo interpelado por um rebento um tanto surpreso e indignado, no caso eu, no crepúsculo dos meus 9 anos, se a gente não ia ver a final da Série B contra o Paraná na velha Fonte. Meu pai sorriu e suas palavras fugiram prum compartimento inacessível. Importa, pois, a pergunta de torcedor já feito.

Este singelo flash, vívido, é o fim da conversão que passou de geração a geração, de primogênito a primogênito, herança bipolar, maldita e abençoada, cujo processo nada sei, mas que instintivamente repeti a meus filhos, que hoje vestem o manto sagrado  com orgulho inexplicável e que não arrefece mesmo na distância, uma vez embaixadores oficiais da nação rubro-negra literalmente no Fim do Mundo.

Um dia, decerto, passarão eles a celebrar o 13 de maio como feriado representativo, assim como pra mim e pra milhões de torcedores que fazem festa de aniversário ao decano do desporto baiano. Assim será.

Talhado pela recorrência, acostumei-me a comemorar este dia em meio a jogos e estádios e rivais, fossem decisões ou não. Na manifestação inequívoca das glórias e agruras boleiras, relembrando Galeano, ganamos, perdimos, igual nos divertimos, embora, esteja claro, ganhar é muito melhor.

Mas eis que, na ocasião dos 121 anos, o sentimento dominante é o da saudade.

Saudade dos meus e saudades suas, da adrenalina eletrizante do espetáculo da bola.

Vê-lo parado é como se pausasse o tempo. É como se parte do meu coração se recusasse a bater, porque ele o faz por você. Coração de torcedor é assim… Ainda bem!

E esta confusão de sentimentos do futebol se repete, num yin-yang mambembe, quando a racionalidade da pausa necessária pela pandemia enfrenta a oposição da irracionalidade pelo desejo de vê-lo em campo, envergando seu manto sagrado, para que tantos percam a voz e a compostura na demonstração de amor que só se externa no grito de volume proporcional à paixão.

No que, diante da neblina pesada que obstrui a visão do que será daqui pra frente, finco pé, teimoso e crente, de que nos veremos em breve do outro lado, eu, os meus e os nossos, num sentimento que se renova, unidos em comunhão pela nação que forma uma massa de abnegados capazes de tudo para obedecer ao chamado da alma que pulsa e vibra a cada nêgô. E assim, abraçados e aliviados, no santuário que abriga o tapete verde da glória, mostraremos que somos muito mais Vitória.

Feliz aniversário Vitória, 121 anos, desta vez, de saudades.


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Leia também o texto de aniversário de 120 anos do Vitória AQUI!


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